15/03/2008

Alimento, Células, Desenvolvimento Físico e Mental


O corpo físico de todo ser humano é constituído de inúmeras células. Essas células são de dois tipos: “protozóica” e “metazóica”. Todas as partes do corpo humano são compostas destes dois tipos de células. Em outro sentido, toda a estrutura humana pode ser considerada como uma célula metazóica.

Cada uma dessas células tem sua própria mente, alma etc., mas as mentes dessas células são diferentes da mente humana. (As mentes das células metazóicas são mais desenvolvidas do que as das células protozóicas). A mente humana é constituída da unidade do microcosmo somada com o conjunto das células protozóicas e metazóicas, portanto, a mente humana é uma mente coletiva. Assim como a Mente Macrocósmica está inseparavelmente conectada a cada uma das entidades deste universo, da mesma forma a mente unitária está inseparavelmente conectada a todas as entidades que a compõem [individualmente]. Também, num sentido coletivo, as mentes dessas células têm uma certa relação com a mente unitária.

Em geral, uma célula vive aproximadamente 21 dias e então morre, sendo substituída por novas células. Quando alguém fricciona uma determinada parte do corpo, surge uma aparente sujeira, até mesmo quando o corpo está coberto, mas nem sempre isso representa a sujeira proveniente do ambiente. Na maioria dos casos, isso é uma acumulação de centenas de células mortas.

Geralmente, as células se desenvolvem por meio da luz, do ar, da água e do alimento que comemos. A natureza do alimento e da bebida que ingerimos tem seu efeito sobre as células e, conseqüentemente, influencia a mente humana.

Obviamente, todo sádhaka, ou aspirante espiritual, deve ser muito cauteloso ao escolher o seu alimento. Suponha que uma pessoa coma uma comida tamásika, ou estática. Como resultado, após algum tempo, as células estáticas crescerão e exercerão uma influência estática na mente do aspirante. Os seres humanos devem dar preferência aos alimentos sáttvika (sutil) ou rájasika (mutatório), de acordo com o tempo, o lugar e a pessoa. Isto acarretará o crescimento de células sutis, as quais, por sua vez, produzirão amor pela prática espiritual e ajudarão a atingir o equilíbrio e a quietude psíquica, conduzindo a uma imensa elevação espiritual.

Após aproximadamente 21 dias, as células antigas morrem e nascem novas células. Na idade avançada, devido a certas debilidades das células, a maciez e o brilho do rosto desaparecem, tornando a pele enrugada, e diferentes partes do corpo se enfraquecem. (No caso das pessoas idosas, as células velhas morrem e o organismo produz menor quantidade de células novas. Além disso, as células novas não absorvem os nutrientes apropriadamente.)

Para a cura de pacientes adoentados por muito tempo, médicos experientes costumam recomendar um repouso completo de no mínimo 21 dias, para permitir o crescimento de células saudáveis, de modo que a pessoa doente readquira energia física e mental.

As células são seres vivos, e como resultado das transformações vividas conjuntamente, elas consolidaram sua existência no corpo humano. Em etapa posterior, através da evolução gradual, a mente de cada célula se desenvolve até o estágio da mente humana.

A aura ou o brilho emanado do corpo humano é o brilho coletivo de todas as suas células. Na idade avançada, muitas células do corpo se tornam enfraquecidas, acarretando menor refulgência do corpo humano. Mesmo quando uma pessoa é jovem, o corpo perderá a sua refulgência se ele estiver doente. Somente na face humana existem milhões de células. Quando uma pessoa fica enraivecida, uma maior quantidade de sangue circula pela face, causando o avermelhamento do rosto e a morte de muitas células. Uma pessoa violenta ou cruel poderá ser facilmente reconhecida por sua expressão facial.

Como resultado de uma alimentação sutil e da regularidade na prática espiritual, as células do corpo humano se tornam sutis. Em virtude disso, um brilho emanará dessas células, formando uma aura ao redor do corpo físico do aspirante espiritual. Por essa razão, muitas telas de pintores retratam figuras de mahápurus’as [pessoas elevadas] com auras radiantes.

Uma vez que as células são influenciadas pelos alimentos e líquidos ingeridos, e considerando que a natureza das células afeta a natureza da mente humana, obviamente, os seres humanos deveriam adotar uma dieta correta, porque o alimento e a mente estão estreitamente relacionados entre si. Qualquer alimento, bom ou ruim, não deve ser ingerido indiscriminadamente, porque pode levar à degeneração mental. Os aspirantes espirituais sinceros devem seguir este ditado: A´hárashuddhao sattvashudhih [“Uma dieta sutil produz um corpo sutil.”]

Somente deveria ser ingerido aquele alimento que ajuda a manter o corpo e a mente sutis.

Todos os objetos do mundo são dominados por um dos três princípios – sutil, mutatório e estático. Os alimentos não são uma exceção a essa regra, e de acordo com sua natureza intrínseca, eles estão divididos nestas três categorias:

Alimento sutil: É aquele alimento que produz células sutis e, portanto, conduz a um bem-estar físico e mental. Alguns exemplos de alimentos sutis são o arroz, o trigo, a aveia, todos os tipos de legumes, as frutas, o leite e os produtos lácteos.

Alimento mutatório: É aquele alimento que é bom para o corpo e pode ser, ou não, bom para a mente, mas certamente não prejudica tremendamente a mente.

Alimento estático: É o alimento prejudicial para a mente e que pode ser, ou não, bom para o corpo. Alho, cebola, vinho, comida estragada, carne de grandes animais, tais como o boi e o búfalo, peixe, ovos etc. são estáticos.

Muitas vezes as pessoas comem comida sem conhecer o seu valor intrínseco. Por exemplo, o leite de vaca recém-parida, a berinjela branca, uma variedade de legume khesa’ri [horse gram], o puni vermelho [Basella rubra Linn.] e as folhas de mostarda são exemplos de plantas que se desenvolveram a partir da matéria apodrecida ou decomposta.

Para ter uma mente equilibrada e progredir no caminho espiritual, os seres humanos devem ficar atentos ao tipo de alimento que consomem. O pensamento de que “Eu apenas vou fazer minha meditação e comer qualquer tipo de alimento, próprio ou impróprio” não funciona.

P.R. SARKAR - 14 de Fevereiro de 1970, Ranchi -Tattva Kaomudii - Parte 2

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