16/04/2010

O ORGULHO E SUA CURA

Jinána, karma e bhakti (conhecimento, ação e devoção) são essenciais para realizar Deus, o desejado objetivo da vida. É através do conhecimento e da ação que a devoção é despertada, o que leva o homem à Bem-aventurança Suprema. Enquanto a devoção está livre de qualquer defeito, o conhecimento e a ação podem criar algumas dificuldades. A aquisição do conhecimento freqüentemente faz um homem ficar preguiçoso e orgulhoso, enquanto karma pode tornar o homem orgulhoso. A menos que um aspirante espiritual seja capaz de se livrar desses defeitos, ele não pode se estabelecer em kevala bhakti (devoção completa), que é absolutamente essencial para a realização de Deus. Os sábios, portanto, adotarão uma conduta que os livre dos efeitos maléficos do conhecimento e da ação.
Observou-se que aqueles que se empenham na aquisição do conhecimento perdem contato com a natureza prática das coisas. Sua constante preocupação com livros os torna preguiçosos e letárgicos e eles evitam o trabalho. Isto, eventualmente, os leva à queda. A regra de ouro para se livrar dos próprios defeitos é criar o sentimento oposto na mente e colocá-lo em prática. Portanto, para evitar a preguiça será necessário trabalhar arduamente. O trabalho é a manifestação da Entidade Suprema e, assim, todos terão de trabalhar, e trabalhar cada vez mais e mais. O trabalho, aqui, não significa qualquer ocupação que não dê resultado. O trabalho é trabalho apenas quando é dirigido ao bem estar coletivo. Somente isto livrará o homem dos efeitos maléficos da preguiça e letargia. O orgulho que surge pela aquisição do conhecimento tem também sérias repercurssões na vida humana. Pode levar a queda completa do indivíduo. O orgulho é principalmente de três tipos, e cada um deles tem resultados desastrosos.
O primeiro tipo de orgulho é a vaidade, que surge quando uma pessoa pensa que merece mais do que está conseguindo, o que o faz desenvolver uma atitude arrogante em relação aos outros. Quem se entrega a isto, perde seu julgamento discriminativo, exatamente como acontece a um bêbado. O homem é diferente do animal, apenas porque possui discriminação e intelecto. Assim como um bêbado perde gradualmente esta inestimável qualidade, um homem cheio de orgulho também se torna privado desta faculdade. Como a perda da faculdade racional é contra as virtudes humanas fundamentais, beber é um pecado. Da mesma forma o orgulho é também um pecado e leva à decadência do individuo.
Auto-engrandecimento é o segundo tipo de orgulho. Ao ficar cheio de vaidade, a pessoa quer projetar sua imagem de maneira exagerada. Freqüentemente, ouve-se alguém dizer que tem uma rosa do tamanho de um balão em seu jardim, quando a rosa real pode se do tamanho de uma bola de pingue–pongue. A entrega constante a esse tipo de atividade converte a mente à materialidade.
O terceiro tipo de orgulho é o prestígio, que é o desejo de se fazer conhecido. A pessoa espera atenção de todos e anseia por nome e fama. Este estado mental pode ser facilmente comparado com a condição mental de um mendigo. O mendigo pede dinheiro dos outros enquanto que a pessoa que almeja prestígio mendiga que os outros a respeitem. Tal desejo é realmente sem significado e sem valor.
Tendo analisado vários tipos de orgulho e seus efeitos prejudiciais, é necessário examinar os meios de se livrar desses defeitos. Caetanya Maháprabhu (um grande santo da Índia) deu um método psicológico para o indivíduo se livrar do mal do orgulho. Orgulho é realmente uma doença mental, e as pessoas que sofrem dessa doença requerem um tratamento psicológico regular. Para se livrar do orgulho, a pessoa deverá forma o hábito de ser polido e humilde. Assim como uma palha que fica no solo, e, embora humilde, não perde sua importância, assim também, o homem nunca se tornará insignificante sendo humilde. Apenas a humildade como o da palha, salvará uma pessoa do orgulho.
Para evitar o orgulho é necessário também ter paciência e tolerância como a árvore que, ainda que podada, continua a dar uma sombra fresca. Uma pessoa que está sempre envolvida no pensamento do seu próprio prestígio deve aprender a pensar no prestígio dos outros. Jamais deve esquecer que respeito gera respeito e que deve sempre honrar aqueles que não são honrados por ninguém. Esta prática constante removerá os efeitos prejudiciais do desejo pelo prestígio. O método mais fácil de fazer isto é fazer namaskár (saudação) primeiro e não criar uma situação em que você cumprimenta em resposta.
Um homem que está cheio de vaidade e arrogância e que se ocupa sempre com o auto-engrandecimento pode melhorar apenas utilizando seu tempo em kiirtan. Se ele se dedica ao kiirtan, não terá tempo para criticar ou escandalizar ninguém e para se engrandecer por comparação. Assim há uma necessidade para tal pessoa fazer kiirtan ao máximo, para que não tenha tempo de se ocupar com a abominável atividade de crítica.
Portanto, o aspirante espiritual que tem Deus como objetivo deve sempre lutar para se livrar da letargia e do orgulho, e obter os plenos benefícios do conhecimento; deve trabalhar para fazer crescer e avivar a devoção, que é o único caminho para o final da jornada. Ele terá que se engajar em atividades de bem-estar coletivo, praticar as qualidade da humildade, paciência e tolerância, aprender a honrar aqueles que não são honrados por ninguém e organizar e participar de kiirtan.
“Não se pode conhecer coisa alguma, a menos que se desenvolva a psicologia do “eu não sei”. Este é o espírito fundamental de um verdadeiro aspirante espiritual."
A Graça de Bábá - Shrii Shrii Ánandamúrtijii

Quem sou eu ?