26/11/2010

A Ação Leva ao Progresso

Discurso de Shrii Shrii Anandamurti

11 de Julho de 1979, Patna

“Karma Brahmeti, karma bahu kurviita”. O trabalho é Brahma e, portanto, faça mais, mais e cada vez mais trabalho. Nos Vedas está dito que neste mundo visível, os seres humanos atingem Parama Puruśa na forma de ações. Então, uma pessoa deveria fazer cada vez mais trabalho. Uma pessoa que é indolente, que teme o trabalho, e que está completamente dominada pela letargia torna-se um fardo para o planeta. Nos Vedas, há uma menção a um personagem especial chamado Rohit. Rohit era um grande estudioso mas, devido à constante leitura atenta das escrituras, ele acabou tornando-se uma pessoa muito indolente, ao final do seu estudo. Ele parou até mesmo de se mexer. Um tipo de pessoa inativa como essa não pode fazer nenhum bom trabalho para a sociedade: em vez disso, elas tornam-se um fardo para a sociedade.


O pai de Rohit não era um homem estudado, mas ele era sábio. Ele aconselhou o seu filho:

“Veja, Rohit, tudo neste mundo originou-se da ação. O que é ação? Ação é a mudança da posição de um objeto. Tudo o que aconteceu neste universo, aconteceu pela mudança de posição dos vários objetos. Qualquer beleza e atração que hajam neste mundo devem-se somente à mudança de posição de diferentes objetos. Quando os seres humanos forem embora deste mundo, isto continuará sendo verdade. A razão é que os seres humanos não ficam por muito tempo em um mesmo estado – eles não são capazes disso. Uma pessoa que ficou velha pensa: ‘Bem, eu estou velho, então é melhor eu ir embora deste mundo.’ Entretanto, depois disto, quando alguma coisa deste mundo atrai ela novamente, ela diz: ‘Bem, eu vou continuar vivendo neste mundo por mais alguns dias.’ Por trás dessa atração do mundo, a ciência da ação está trabalhando. Portanto, uma pessoa que teme o trabalho e que quer ficar longe dele é uma entidade inanimada e inativa. Quer essas pessoas continuem ou não nesta Terra, pouco importa.”

Então o pai de Rohit disse para ele: “Quando uma pessoa trabalha incansavelmente, tanto que ela fique suando da cabeça aos pés, o corpo inteiro dela torna-se bonito. Não há igual a essas pessoa, no mundo. Até mesmo Indra, o rei dos deuses, anseia pela amizade de um tal pessoa.”

Uma pessoa que perdeu o dharma do movimento está virtualmente morta. A natureza real de um ser vivo é a dinamicidade. A estaticidade é um sinal da morte. Portanto, quando uma pessoa perdeu a dinamicidade, o ritmo do movimento de progresso dela degenera, fazendo com que ela gradualmente perca suas qualidades humanas. Por fim, tais pessoas regressam em direção à animalidade, imersas no vício. Então, não seja como Jada-Bharata – como um objeto inanimado. A única meta da sua vida deveria ser mover-se adiante. Assim, continue trabalhando, cumpra as suas responsabilidades trabalhando, e continue trabalhando, até mesmo enquanto estiver morrendo.

A boa sorte de uma pessoa que está dormindo também dorme. Aqui, “dormir” não significa dormir no sentido mundano. O significado real é ficar mergulhado na escuridão – ou seja: o corpo físico é o de um ser humano, mas as suas atividades não são como as de um ser humano. Até mesmo os pensamentos psíquicos não são como os de um ser humano. Quando uma pessoa sai do sono, a boa sorte dele ou dela também se levanta. Uma pessoa que se levantou vai notar que a boa sorte dela também se levantou. E quando uma pessoa começa a se mover com propósito em direção à sua meta, o destino da pessoa também começa a se mover. Portanto, não se comporto como um tolo, Rohit. Siga em frente, siga em frente, siga em frente. O único mantra da sua vida deveria ser “siga em frente”.

Kalih shayáno bhavati saiňjihánastu Dvápara;

Uttiśt́han Tretá bhavati Krtaḿ sampadyate carań.

O que são essas “Yugas” – Kali Yuga, Dvápara Yuga, Tretá Yuga e Satya Yuga? Em sânscrito, o sufixo “ghaiň” é adicionado à raiz verbal “Yuj”, formando a palavra “Yuga”. Yuga significa um período particular de tempo. Se um objeto aproxima-se de outro objeto, isto é conhecido como uma yuga. A palavra “yuga” origina-se da raiz verbal “yunj”, que significa “conjuntura crítica” – ou seja, uma mudança especial de tempo, [pela qual passa-se] de um período especial para outro período. Em sânscrito, isto é conhecido como “Yugasandhi”.

A história humana revela que a humanidade move-se adiante desta forma. O primeiro capítulo da história humana era a era obscura dos shúdras; depois veio a Era Kśatriya, seguida pela Era Vipra, e finalmente veio a Era Vaeshya. Cada uma dessas transições, de uma era para a seguinte, foi uma “yugasandhi”. Da mesma forma, estes quatro estágios da vida humana – Kali,Dvápara, Tretá e Satya – são conjunturas críticas.

A Kali Yuga é descrita nas escrituras como a condição humana na qual a vida humana, os pensamentos humanos e a existência humana permanecem envoltas pela escuridão – de tal forma que se perde todo o senso de julgamento cuidadoso. Descreve-se a pessoa que está neste estado como adormecida. Todavia, quando a consciência dela é despertada, de modo que ela comece a sentir o que ela deve fazer, o que é apropriado, o que as pessoas devem fazer pela sociedade humana – isto é conhecido nas escrituras como Dvápara Yuga. Após haverem despertado do sono e aberto os seus olhos, quando as pessoas olham para si mesmas e pensam que devem levantar-se, que não devem permanecer inativas, que elas possuem grandes responsabilidades que devem ser cumpridas apropriadamente, então isto, na linguagem das escrituras, é conhecido como Tretá Yuga. E quando elas realmente começam a mover-se adiante, isto é conhecido como Satya Yuga.

Esta é a explicação de Kali, Dvápara, Tretá e Satya Yugas. Há também outras explicações, mas elas não são aceitáveis pois são mitológicas e desconectadas da lógica e da racionalidade.

Então o pai de Rohit disse: “Rohit, siga em frente”. Da mesma forma eu digo a vocês: “Sigam em frente com o seu trabalho – é nisto que está o bem de vocês e também o bem da sociedade. Não a partir de hoje, mas a partir deste exato momento, pulem para o mundo da ação e pavimentem o caminho do seu bem-estar.”

* * *

Tradução: Mahesh, Florianópolis, 20 de janeiro de 2010.

Publicado em: The Electronic Edition of the Works of P. R. Sarkar – versão 7 (EE7)

Ananda Marga Karma Sannyása in a Nutshell [uma compilação – ainda não publicada em português]

Ánanda Vacanámrtam Part 13 [ainda não publicado em inglês]

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