14/07/2009

RETORNANDO A CASA

Simplificando, o que nós temos que fazer é voltar ao lar, de onde viemos. Nós todos viemos da Entidade Suprema, o Núcleo do Universo. Temos que voltar ao mesmo destino. O menino brincou o dia todo nos campos e agora que a noite chegou, ele volta ao lar. Sádhana é, portanto, o processo de volta ao lar.
A criança brincou fora todo o dia. Quando a noite se aproxima, ela pensa que seu pai já deve ter voltado para casa. “Deixe-me voltar para casa e sentar-me perto dele”, ela pensa. Quando alguém está cansado deste mundo e das coisas mundanas, procura voltar à espiritualidade – seu lar. E qual é nossa morada permanente? É o Pai Supremo, a Consciência Suprema. Portanto, a volta ao lar é uma tarefa simples. Não requer erudição, nem conhecimento, nem faculdade intelectual, nem longo e tedioso aprendizado. As pessoas dizem que há três pontos a serem lembrados para voltar para casa; ouvir o nome do Senhor, pensar somente em Deus e em mais ninguém e oferecer a mente a Deus.
A importância de se ouvir o nome de Deus no desenvolvimento espiritual é grande. Ouvir a respeito de Deus é muito mais importante na espiritualidade que os estudos, uma vez que o som é muito mais sutil. Portanto, sempre que houver uma oportunidade, ouça Seu nome e repita-o para que os outros também possam ouvi-lo. Sempre que você diz Seu nome a outros, você também o ouve. Este duplo gozo de recitação de Seu nome é chamado Kiirtan ( cânticos do nome do Senhor ). Bhajan (cantos devocionais), por outro lado, é ouvir Seu nome sozinho. Você deve fazer ambos – bhajan bem como kiirtan. Isto é shravana ( ouvir ).
Logo após vem manana, isto é, pensar somente em Deus e em mais ninguém. Se qualquer outra pessoa ou mesmo coisa vier a sua mente, atribua divindade àquela pessoa ou coisa. Este processo é manana.
Agora o que sobra é o sentimento do eu, o ego. Temos que eliminar este sentimento. Todas as cargas, todas as confusões, todas as considerações de respeito ou desrespeito estão ligadas ao ego. Quando alguém discorda de você, você abre um processo contra ele. Porque você tem este trabalho? Somente para defender o seu ego.
Todos os problemas e frustrações são devidos somente ao ego unitário. O fato é que, mesmo depois de entregar-se totalmente a Deus, o arqui-inimigo, o sentimento do eu permanece. Você dirá: “Eu entreguei tudo a Deus”. Eu, eu,eu! Meu amigo, entregue este “eu” também a Deus e só assim sua entrega será total. Todo o problema é devido a este “Eu”.
Realmente, a única tarefa a ser feita é entregar tudo a Deus. Tudo o que você possui – seu corpo, seu nome, fama, riqueza, tudo – você recebeu de Deus. Então, o que você Lhe dará e como fará? Até agora só tem devolvido a Deus Suas coisas. O que você tem que Lhe dar é algo seu mesmo. Este é o ponto essencial do problema. Alguém lhe dará uma flor de presente e você lhe devolve a mesma flor. Isto não é correto. Porque não lhe dar o seu “Eu” que é a fonte de todos os seus problemas, de todas as suas confusões, de todas as suas complicações? Não há nada mais caro para você do que este seu “Eu”.
É muito difícil renunciar a ele. Portanto , o devoto exclama: “Ó Deus, o universo é Tua morada. Esta cheio de jóias preciosas. O que há de valioso neste mundo te pertence. Então, que presente precioso poderei Te dar? Tu não necessitas nada disto. Qual é a utilidade de se oferecer algo a alguém cuja casa está cheia de jóias preciosas? Prakrti ( a Energia Cósmica) com todo o seu poder é Tua própria consorte. À Tua vontade, Ela fará inúmeras jóias num momento: a mão habilidosa deste Poder Criativo está sempre pronta a Te ouvir. Ó Senhor dos Senhores, embora eu deseje oferecer-Te algo, não sei o que. Embora eu queira oferecer, Tu não tens desejo ou vontade. Se a Ti nada falta, o que posso oferecer? Se eu pudesse saber de algo que tu não possuis, eu te ofereceria” .
“Ó Senhor dos Senhores, ouvimos que teus grandes devotos Te arrebataram a mente. Deus se torna escravo de seus devotos. O devoto rouba o coração de Deus – quase à força. Isto é feito abertamente e não em segredo.Então, Ó Senhor, falta-Te uma coisa – Tu não tens mente.” O devoto diz: “Não desesperes, Ó Senhor, eu te ofereço minha mente. Este oferenda da própria mente a Deus é a completa entrega. A entrega total torna possível a fusão na Suprema Entidade. Isto é a realização de Deus.
Quando se entra em contato íntimo com a Entidade Suprema, conclui-se que não há riqueza superior à devoção. Todas as outras possessões terrenas mostram-se sem valor. Somente a devoção propicia-nos um contato íntimo com Ele. Esta é a meta da vida humana. Isto é o verdadeiro progresso. Você vem vagando através do labirinto de miríades de vidas e avançando para alcançar este estágio. Sabendo ou não, você é atraído para Ele. Aqui está o ápice da vida. Enquanto você não O realiza, não há sucesso em sua vida.
A Graça de Bábá - Shrii Shrii Ánandamúrtijii

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