O significado da prática espiritual é olhar cada ser humano, cada objeto desse universo, como uma entidade integral. Colocar em perigo a unidade da raça humana criando facções não é o objetivo da espiritualidade (dharma). Aqueles que encorajam interesses escusos sobrevivem graças a fraqueza mental da humanidade e de suas desavenças; é por isso que eles se amedrontam com adifusão dos ideais da espiritualidade e se opõe à eles por meios imorais, tais como calúnias, propaganda enganosa e falsidades. A humanidade não deve se intimidar por isso. Deve marchar adiante. Tenha em mente que inúmeros são os empecilhos no caminho da retidão, e continuar a luta contra os mesmos é prática espiritual.
(Ánanda Vánii, Maio 1957)
Superstições de qualquer tipo – social, psíquica ou espiritual – influenciam a mente a tal ponto que ela, devido a sua ansiedade, faz a pessoa cometer más ações. Superstições espirituais como paraíso, inferno, e medo de Deus fazem as pessoas perderem seu equilíbrio mental. As práticas espirituais devem ser científicas, sistemáticas e baseadas na racionalidade. Medo e superstição não devem fazer parte delas.
("Tattvika Praveshika")
O paraíso é o estado mental de uma pessoa engajada em atos virtuosos, e a mente de um pecador, desembestada num frenesi selvagem, é o inferno.
(Human Society I)
Satanás não tem os atributos do Absoluto; ele nada mais é do que a mente humana impulsionada por tendências depravadoras. Se essas tendências são desviadas de forma apropriada, elas deixam de existir. Está em você o poder de matar esse Satanás.
(Great Universe)
Existem muitos que recorrem a rituais, oferecem sacrifícios, buscam conselhos de astrólogos e tentam mitigar aquilo que eles acreditam ser a influência malévola dos planetas no seu destino, ou usar vários tipos de gemas com esse fim. Tais pessoas estão cegas pela ignorância e superstição. Suas crenças são falaciosas porque nenhum agente, humano ou extra humano, pode alterar a lei da natureza e interromper o curso da ação e reação.
(Supreme Expression I)
Oração é algo que ridiculariza o Ser Supremo, ou Deus. A prece é um pedido solene endereçado ao Supremo por algumas benesses. Pensando racionalmente, não será que a tentativa de despertar em Deus o desejo de satisfazer suas necessidades parece como um lembrete para que Ele lhe dê algo que Ele mesmo lhe privou? Isso, na verdade, lança uma difamação Nele, na Sua lei e no Seu senso de distribuição de Suas dádivas e benções. É uma insinuação, pedindo a Ele que reverta Sua lei e interrompa o processo de reação à sua ação, que deve ter mantido você privado daquilo que você agora quer. A lei de Deus é imutável, e rezar para Ele mudar isso é uma perda de tempo.
Hinos de louvor a Deus caem na mesma categoria. São igualmente ineficazes e são um mero desperdício de tempo. Louvar a Deus é equivalente a bajulação, e prece equivalente a mendicância.
Devoção a Deus cai numa categoria totalmente diferente. É a contemplação da Consciência Cósmica onipresente, e ajuda o devoto na obtenção da liberação das amarras e na fusão com a Realidade Última. O propósito da devoção é o de condicionar a mente de que ela é sutil e não grosseira, que é um reflexo da Consciência Cósmica. Aqueles que já leram Psicanálise, e compreendem a eficiência da auto-sugestão, irão apreciar a motivação interna e a eficácia da contemplação. Os verdadeiros devotos não bajulam o Ser Supremo; eles não pedem quaisquer favores. A tendência dos devotos é meramente lembrar suas mentes da meta última, até que todo seu corpo, mente e alma, se esforcem pela emancipação das influências degradantes que os circundam.
(Supreme Expression I)
A melhor prece é, portanto, “Ó Senhor! Faça o que quer que você ache que é mais apropriado para mim. Eu não sei em que direção fica o meu bem – Você sabe”. Houve certa vez um demônio que orou para que ele nunca morresse nem durante o dia nem durante a noite. Deus atendeu sua prece, e ele morreu ao pôr do sol! Não seja tolo assim. No momento em que você ora, você não está entregando, já que você está pedindo algo para si - você já está cuidando de si mesmo.
(A Graça de Baba)
Alto ou baixo, elevado ou degradado, todos são iguais para o Ser Supremo porque o céu é Sua criação e o inferno é Sua criação. Se dissermos que Ele está somente no céu não será correto, pois Ele está no inferno também. Seus filhos, Suas filhas jamais estão sós; Ele está com vocês até mesmo no inferno.
O que você deve fazer? Você deve sempre se lembrar que você é o(a) filho(a) de um Grande Ser. Não pense que é um(a) pecador(a), que é degradada. Se pensar que é um(a) pecador(a), está meditando no pecado. E quando o pecado torna-se o objeto da sua meditação, você realmente se tornará um(a) pecador(a), por que se torna exatamente como seu objeto de ideação, de meditação. Se você sempre meditar no pecado, “Eu sou um(a) pecador(a)...Eu sou um(a) pecador(a)...” você na verdade vai se tornar um(a) pecador(a). A abordagem psicológica é esquecer-se disso, mesmo que você seja um(a) pecador(a).
Você deve pensar, “Eu sou uma criança de um Grande Ser”. E, assim, você está meditando nele. E certamente chegará o dia quando você se tornará um(a) com Ele. Você deve dizer, “Eu sou Sua criança... Eu sou Sua criança... Eu sou Sua criança... Ó Senhor, ponha-me no seu colo, eu sou Sua criança, eu Sou sua criança...” Essa deveria ser a abordagem. Você deve esquecer aquilo que você não quer.
(Discurso nas Filipinas, 1969)
Virtude e vício são entidades temporais. Essas coisas não têm nada a ver com o seu relacionamento com o Supremo. Suponha que alguns meninos estejam andando ao longo de uma estrada, e um deles cai no bueiro. Suas roupas e o seu corpo ficam sujos. Outras pessoas, transeuntes, rirão dele, mas quando o pai desse menino o vê naquela condição, o que fará? Rirá do seu próprio filho? Não, não, não. O que fará? Ele mesmo entrará no bueiro, colocará seu menino no colo, limpará suas roupas, limpará seu corpo e depois disso dirá, “Meu menino, ande com cuidado”. Pecadores são exatamente como esse menino no bueiro. Está claro?
(Discurso nas Filipinas, 1969)
Agora, a Consciência Suprema tem duas imperfeições. Uma é que Ela não pode criar uma segunda Consciência Suprema: o Supremo é sempre um. A segunda imperfeição é que Ela não consegue odiar ninguém. Suponha que você não goste de alguém; você dirá, “Eu não quero ver a sua cara, eu odeio você! Saia! Saia!” Mas a Consciência Suprema não consegue odiar ninguém. Suponha que Ela te odeie – se Ela disser “Saia”! então você A desafiará, “Ó Consciência Suprema, Você está em todo lugar e me ordena para sair? – Para onde irei? Tudo que existe está dentro de Você e, quando Você diz para sair, para onde irei? Então, ou mude Seu nome ou retire a Sua ordem”. Assim, a Consciência Suprema não consegue odiar nem mesmo uma pessoa má, uma vez que todos são suas criaturas. Suponha que na sua mente você criou um ébrio, um homem ruim. Você será capaz de odiá-lo? Uma vez que ele está dentro da sua mente, você não poderá odiá-lo. Portanto, o Supremo não pode odiar.
(Discurso em Taipei, Taiwan, agosto 1979)
O que é dogma? Dogma é uma idéia com uma fronteira rígida, que não lhe permite ir além da periferia daquele limite. Por isso, dogma vai contra o espírito fundamental da mente humana. A mente humana não tolerará nada rígido. Ela quer movimento – não apenas movimento, mas movimento acelerado. Então, você deve lutar contra a influência de dogmas.
Foi devido a esses dogmas que a sociedade humana não conseguiu progredir apropriadamente. Hoje, embora haja progresso intelectual, há uma crise na civilização. Por que? Porque a existência humana tem se colocado em perigo por causa de dogmas. Os seres humanos querem progresso psíquico sem impedimentos, progresso intelectual sem obstáculos. Mas alguns dogmas estão tentando devorá-los. O comunismo é um deles. O comunismo não permite que se pense além de sua periferia. Então, é o dever de todos os intelectuais tornar as pessoas conscientes da influência devoradora dos dogmas.
("Prajna Bharati", agosto 1980)
O verdadeiro conhecimento é conhecer-se a si mesmo. Vocês sabem, existem certas filosofias defeituosas no mundo que mantêm que o mundo da matéria é tudo. Quando a matéria torna-se tudo então a matéria torna-se a meta da vida. E a existência humana, a consciência humana, se tornará como terra e pedra. Karl Marx pregou essa filosofia defeituosa. Vocês devem manter suas mentes livres das amarras e dos grilhões de tais filosofias defeituosas por que são anti-humanas, moralmente anti-humanas. São extremamente prejudiciais à existência humana e ao desenvolvimento humano.
(Discurso em Taipei, Taiwan, agosto 1979)
A espiritualidade não é um ideal utópico, mas uma filosofia prática, que pode ser praticada e realizada no dia a dia. Espiritualidade significa evolução e elevação, e não superstição e pessimismo. Todas as tendências divisoras e filosofias de clã e de grupo, que criam grilhões de estreiteza mental, não são conectadas com espiritualidade e devem ser desencorajadas. Somente aquilo que leva à expansão de visão deve ser aceito. Espiritualidade não reconhece nenhuma distinção não natural ou diferenciações feitas entre seres humanos; ela significa universalidade.
(Supreme Expression I)
Espiritualidade não conhece barreiras ocupacionais. É universal. É transcendental. Não é reservada para pessoas negras ou brancas, ricas ou pobres. É a dadiva divina de Deus para todas as Suas crianças. Espiritualidade (dharma) é toda abrangente. É o direito de nascimento de todas as pessoas.
(Supreme Expression I)
Os Pensamentos de P.R.Sarkar