Na fase primordial da civilização
humana, há cerca de um milhão de anos, quando os seres humanos mal haviam se
desenvolvido aqui na Terra, os seus cérebros eram pequenos e suas células
nervosas tinham capacidade muito limitada para pensar e expressar idéias. Mas
agora, os seres humanos são criaturas desenvolvidas; os seus cérebros tiveram
um aumento considerável em tamanho, e suas células nervosas estão mais
desenvolvidas e podem elaborar mais pensamentos.
Os seres humanos dessa fase
primordial da existência eram quase como animais; havia pouca diferença entre
os primatas, os proto-primatas e os humanos. A civilização humana estava na sua
fase embrionária; não havia nenhuma vida sócio-econômico-cultural e
dificilmente havia qualquer vida espiritual.
O tempo passou. A humanidade passou
por muitas transmutações. As ideias humanas também passaram por mudanças que
resultaram no desenvolvimento das células humanas – células protoplásmicas no
âmbito físico e células nervosas no campo da intelectualidade. Algumas pessoas
se destacaram e se tornaram líderes da sociedade, daí se iniciou a veneração
pelos heróis. Esta foi a primeira fase, a fase rudimentar da vida
sócio-econômico-cultural humana. Uma grande aceleração da espiritualidade
ocorreu e os valores humanos aumentaram. Esta foi uma nova era na existência
humana. Mal havia vida econômica, mas havia um pouco de vida social e cultural.
As metamorfoses continuaram. Era após era se
passaram, e muitos eventos marcaram época, alguns muito importantes outros não.
O conjunto de todos esses eventos se tornou a história da humanidade
pré-histórica.
Então, finalmente, nessa primeira
fase da pré-história, a era da intelectualidade se iniciou. Nessa era
certamente havia muito mais extravagâncias intelectuais. Os dogmas tomaram o
espaço da simplicidade; e, em nome de tantas fés, crenças e cultos, muitos
dogma conduziram a vida social. Esses cultos, crenças e fés não contribuíram
para elevar o progresso coletivo dos seres humanos – na verdade, eles
prejudicaram a nossa sociedade coletivamente, não apenas em um ponto
determinado da Terra mas por todo o mundo. Estes dogmas eram a via principal da
vida humana e a maioria da sociedade estava motivada por eles. Aqueles que se
guiavam pela racionalidade e resistiam a esses dogmas, eram tratados como
pessoas indesejáveis.
Mas, após essa fase, esses dogmas
rapidamente foram substituídos pela racionalidade. Os seres humano com seus
cérebros e células nervosas desenvolvidas começaram a sentir que não deviam
trabalhar somente para uma tribo, um clã ou uma nação, em particular, mas que
deviam trabalhar para a humanidade do cosmo inteiro.
Porém, mesmo essa visão expandida
não será o suficiente para nos fazer merecedores desta forma humana. Na
presente era, devemos uma vez mais pensar no que fazer. A humanidade constitui
o ápice da existência? Não, não, não, certamente não. O universo não consiste
apenas de seres humanos; outras criaturas, outros animais e as plantas também
possuem o direito de viver. Portanto, o nosso universo não é o universo dos
seres humanos apenas, mas o universo de todos – de todas as entidades criadas,
tanto animadas como inanimadas.
A humanidade está, agora, no limiar
de uma nova era. Esta nossa era é a era do neo-humanismo – a humanidade que
provê o elixir da vida para cada um e para todos. Nós somos para todos, e com
todos os recursos da existência, temos que construir uma sociedade humana, uma
sociedade neo-humanista. Portanto, não devemos perder nosso tempo – deve
existir máxima utilização de todas as potencialidades humanas. Se nos
atrasarmos no cumprimento de nossas obrigações, as nuvens negras da destruição
completa subjugará a nossa existência. Devemos estar conscientes disso; e não
devemos perder nem mesmo um único momento de nossa valiosa existência.
Tantos eventos históricos, tantos
eventos para entrarem nos anais da história estão por ser criados por nós – devemos
assumir esta grande responsabilidade pelas eras futuras. Dogmas, nunca mais;
dogma nunca mais – esta é a era do neo-humanismo.
Os sentimentos de toda humanidade
são os mesmos; as expectativas de uma vida digna são as mesmas para todos. As
exigências e as necessidades de todos os seres humanos são as mesmas, e assim a
humanidade é uma entidade singular — é una e indivisível. Portanto, devemos
manter equilíbrio entre os diferentes seres humanos por um desenvolvimento
global, sem discriminação de casta, crença ou nacionalidade. Não deve existir
nenhuma escassez de água e alimento no mundo. Ainda existem muitos lugares onde
há água em abundância, e onde a produção de alimentos pode ser aumentada. Logo,
todos esses potenciais podem ser distribuídos por todo o mundo. Em nenhum lugar
do mundo as pessoas devem morrer de fome. Nós somos para todos os outros – e
todas as coisas são para todas as pessoas.
Quantos evangelhos da paz, quantos
textos e sermões já foram pregados. Mas, os assim-chamados “apóstolos da paz”
não foram sinceros em sua missão. Não queremos mais sermões – queremos algo
prático para o benefício de toda a raça humana, e, como resultado da elevação
de todos os seres humanos, todas as entidades animadas e inanimadas também
serão elevadas. Logo, o que é necessário agora é a elevação da mente humana e
do espírito humano. Não necessitamos de mais dogmas – necessitamos cada vez
mais de racionalidade, de movermo-nos para o objetivo final, Parama Purusá, o Desideratum Supremo, o
núcleo universal do cosmos.
Muitas ondas vibratórias já foram
emanadas do Núcleo da ordem cosmológica. Cada existência tem o seu próprio
comprimento de onda e ritmo peculiar; porém quando o movimento é na direção da
Entidade Suprema, todos os diferentes ritmos se tornam um. Tantas cores existem
se movendo, com tantos comprimentos de onda – mas quando elas forem até a Etapa
Final Suprema, e todos os ritmos forem unificados, haverá a unidade completa.
Não haverá nenhuma heterogeneidade; todas as coisas se tornarão homogêneas na etapa
final de nossa marcha universal.
Portanto, somente o neo-humanismo
pode salvar o nosso universo, somente ele pode salvar a existência humana.
Assim, devemos agora, cantar as canções do neo-humanismo. Devemos esquecer
todos os erros do passado. Temos um futuro radiante – a luz carmim desse futuro
está irrompendo pelo horizonte escuro do presente. Devemos dar-lhe as
boas-vindas – não há outra alternativa a não ser essa.
Quando estivermos predispostos à
alegria, deveremos distribuí-la por todo o universo – que todos os corações em
todo o universo criado dancem em êxtase. Este é o objetivo do momento presente:
nós somos para todos, nós somos para o progresso neo-humanista de todo o
universo.
P.R.SARKAR - (Abhimata, 5/103 – Ranchi/Índia, 26/05/1984)
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