Os fantasmas seriam sempre alucinações? O que é uma alucinação? No caso das alucinações não existe uma deficiência ótica, o defeito está na ocularidade – isto é, a visão ocular é influenciada por diferentes ondas mentais. Essas alucinações podem ser de dois tipos: positiva e negativa. Na alucinação positiva, não há nenhum defeito físico no aparelho ocular. Ao invés disso, a visão da pessoa é afetada pelas ondas mentais que querem ver algo diferente.
E o que é uma alucinação negativa? Neste caso também não há defeito no aparelho ocular, mas devido à pressão excessiva das ondas mentais – o que nós chamamos de “auto-sugestão” – a visão ocular se torna negativa; isto é, as ondas mentais não querem ver algo que está realmente presente no aparelho ocular.
Muitas pessoas instruídas opinam que as aparições chamadas de fantasmas são alucinações positivas e que às vezes as pessoas são também iludidas por alucinações negativas. Elas dizem que neste caso o aparelho ocular – os nervos óticos – as está iludindo, mas na verdade a principal função aqui é exercida pelas ondas mentais, não por qualquer órgão físico, ou células psíquicas, ou células psicofísicas (ectoplasma).
Diz-se o seguinte: Abhibháván’ át cittán’usr’s’t’apretadarshanam. [A aparição de um fantasma é criada por cittá nu (matéria-prima mental) quando se tem um pensamento concentrado.] Abhibhávan’a significa “sugestão celular” – aquilo que afeta não somente a mente, mas também as células nervosas, de forma que, devido ao funcionamento deficiente das células nervosas, a pessoa vê algo que não está presente, ou não enxerga algo que está fisicamente presente. A sugestão celular pode ser de dois tipos: auto-sugestão e sugestão externa. A auto-sugestão acontece dentro da mente da própria pessoa, na mente individual, ao passo que a sugestão externa é a propagação da sugestão mental de uma outra pessoa, de uma mente forte. Quando uma mente mais fraca é fortemente influenciada por uma mente forte, a pessoa não vê o que existe ou vê o que não existe.
Você sabe que, filosoficamente, o que quer que vejamos neste universo, podemos dizer que é uma alucinação positiva criada pela Consciência Suprema (Parama Purus’a). O que quer que Ele pense é visto pelas células nervosas da mente individual. A diferença entre o mundo prático e os fantasmas é que no caso dos fantasmas a sugestão vem da mente individual; o pensamento da própria pessoa é projetado externamente.
Mas quando as pessoas vêem os assim-chamados fantasmas e aparições, estas expressões seriam sempre alucinações positivas? Não, não são. O que quer que observemos neste mundo físico é constituído dos cinco fatores fundamentais (sólido, líquido, luminoso, aéreo e etéreo), criados de tal maneira que funcionam automaticamente. Sua capacidade inerente para a ação é obtida deste mundo físico, sob a inspiração da Consciência Suprema.
Podem existir alguns seres que não necessitem de comida e bebida. Qualquer entidade composta dos fatores sólido e líquido certamente necessitará de comida e bebida, porque a comida é composta principalmente do fator sólido, e a bebida é composta principalmente do fator líquido. Mas se alguma entidade for composta somente dos outros três fatores – luminoso, aéreo e etéreo – sem qualquer elemento sólido ou liquido, essa entidade será chamada de “corpo luminoso”.
Através das células nervosas, a mente opera o corpo físico: criando vibrações tais como cheiro, forma, tato, sabor etc., as células nervosas recebem tanmatras (essências ‘inferenciais’) ou as projetam externamente. Mas os corpos luminosos não têm nervos, porque as células e as fibras nervosas são constituídas de matéria física; assim, esses corpos luminosos não podem atuar apropriadamente. Eles podem somente, a partir da auto-sugestão, criar uma vibração interior e experimentar algum tipo de sentimento.
Esses corpos luminosos não são fantasmas ou aparições; eles não têm nenhuma relação com essas aparições. Nem estão relacionados com a auto-sugestão ou com a sugestão externa. Sob certas circunstâncias, se ocorrer de alguém ver esse tipo de corpo luminoso, a pessoa pode pensar que estaria vendo um fantasma. Mas na verdade não existe fantasma – seria somente um corpo luminoso. Não é possível ver corpos luminosos em plena luz do dia; pode ser possível vê-los durante a escuridão da noite; mas, ainda assim, não em qualquer lugar.
É dito que existem sete tipos de corpos luminosos: yaks’a, siddha, gandharva, kinnara, vidyádhara, prakrtiliina e videhaliina. Eles são classificados de acordo com suas características psicológicas.
Vamos supor que exista uma pessoa espiritualmente elevada que freqüentemente esteja pensando na Consciência Suprema, mas que tenha ambição de ficar rico. Ele ou ela, entretanto, não expressa isso abertamente ao Ser Supremo, nem mesmo pensa sobre isto diretamente. Ele ou ela pensa indiretamente, ”Oh, já que eu sou um devoto da Consciência Suprema, Ela certamente me concederá uma enorme riqueza e me tornará imensamente rico”. Aqueles que abrigam este tipo de desejo encoberto, renascem como yaks’as. Então, algumas vezes nos referimos à “riqueza dos yaks’as”.
Eu darei algumas explicações sobre os siddhas um pouco mais adiante.
O terceiro tipo é vidyádhara. Aqueles que se sentem envaidecidos por seu conhecimento e pensam internamente que o Supremo deveria lhes conceder uma enorme riqueza de conhecimento, ainda que não supliquem isto expressamente ao Supremo – este tipo de pessoa renasce como vidyádhara. Vidyádhara é também um corpo luminoso.
O próximo é gandharva . Aqueles que têm grande talento para a música sublime (as pessoas deveriam cultivar a música o máximo que puderem para dar prazer à Consciência Suprema) e mentalmente pensam, ”Oh, Parama Purus’a, eu gostaria de conhecer a ciência da música, e não a Vós”, – renascem como gandharvas. (Em sânscrito, a ciência da música é chamada de gándharva vidya). Eles também são corpos luminosos, não são fantasmas. Também não são visíveis à luz do dia, e como os outros corpos luminosos são invisíveis.
O próximo é kinnara. Aqueles que são vaidosos por sua beleza física ou aqueles que oram para o Ser Supremo conceder-lhes cada vez mais beleza física, renascem como kinnaras. Eles também são corpos luminosos.
Vamos então aos siddhas. Aqueles seres humanos que estão praticando sádhaná, que têm grande amor por Parama Purus’a, mas que no fundo de seus corações são orgulhosos de seus poderes ocultos ou oram para que Parama Purus’a lhes conceda mais poderes ocultos – essas pessoas, depois da morte, renascem como siddhas. De todas as categorias de corpos luminosos, os siddhas são os mais elevados. Eles freqüentemente ajudam os sádhakas em sua sádhaná.
Todos esses corpos luminosos são coletivamente chamados de devayoni. Além desses citados anteriormente, existem ainda videhaliina e prakrtiliina. Aqueles que erradamente adoram Parama Purus’a na forma de imagens de barro, ferro ou outras substâncias materiais são finalmente transformados em prakrtiliina.
O próximo é videhaliina: aqueles que se esforçam para obter poderes ocultos e pensam, “eu obterei poderes ocultos tão elevados que serei capaz de me mover de um lugar para outro.” Todos estes são corpos luminosos; eles não são fantasmas, nem são alucinações positivas ou negativas.
Assim os fantasmas não são alucinações positivas, ou alucinações negativas, ou siddhas ou devayonis. E então, existem tais aparições chamadas de fantasmas? Não existem fantasmas, exatamente, mas existe algo parecido.
Após a morte, quando a mente se dissocia do corpo, a acumulação de sam’skáras não exauridos ou de “reações acumuladas” permanece, embora o corpo com os cinco fatores fundamentais não exista mais. Então, a mente não pode funcionar, mas ela permanece na forma potencial. Agora, em algumas circunstâncias, se o ectoplasma de uma pessoa viva é associado com aquela mente potencial desencarnada, então aquela mente desencarnada obtém um corpo mental temporariamente, por um período de tempo muito curto. Então aquele corpo mental pode começar a funcionar com a ajuda das células e fibras nervosas daquela pessoa viva, mas somente por poucos minutos.
Como isso é chamado? Não é nem uma alucinação positiva, nem uma alucinação negativa, nem tampouco um corpo luminoso (devayoni). Então, o que é isso? As células ectoplásmicas de uma pessoa viva se tornam o corpo mental de uma pessoa morta por alguns minutos, até que – após alguns minutos – aquele corpo mental morra de novo. Este corpo mental eu chamarei de pres’itamánas – “mente recriada”.
Algumas pessoas podem prestar bons trabalhos ou ter bons trabalhos realizados com a ajuda desses pres’ita mánas, mas somente aqueles que têm perfeito controle sobre suas mentes e sobre as células e fibras nervosas dos seus corpos podem fazer isso.
As pessoas más podem praticar ações maléficas com a ajuda desses pres’ita mánas. Elas podem arremessar pedras nas casas dos outros, sacudir ossos ou virar mesas e cadeiras – todas essas coisas podem ser realizadas somente por alguns minutos.
Verificamos então que o que chamamos de “fantasma” nem sempre é uma alucinação positiva ou negativa, nem sempre é um siddha ou um pres’ita mánas. Na verdade, não podemos provar a existência de um pres’ita mánas ou siddha, e até onde podemos falar de uma alucinação positiva, ela não tem qualquer existência real. Se você vê uma alucinação positiva, isto ocorre devido a alguma doença mental.
Se qualquer coisa dessa natureza (um pres’ita mánas ou um corpo luminoso) aparecer diante de você, existe somente um remédio para dissolvê-lo: Fazer kiirtan ou entoar uma canção devocional. Faça kiirtan por um minuto ou repita seu Guru Mantra, que aquele “fantasma” instantaneamente sumirá na atmosfera. Assim, sob nenhuma circunstância você deveria sentir medo.
P. R. SARKAR - 15 de Maio de 1982, Calcutá - A Few Problems Solved - Part 5
ARE GHOSTS HALLUCINATIONS?
Are ghosts always hallucinations? What is an hallucination? In the case of hallucinations, there is no defect in optics, the defect is in ocularity -- that is, the ocular vision is influenced by different thought-waves. These hallucinations may be of two types, positive and negative. In a positive hallucination, there is no physical defect in the ocular vision. Rather, one's vision is affected by the thought-waves which want to see something different.
And what is a negative hallucination? Here also there is no defect in the ocular vision, but due to excessive pressure of the thought-waves -- we say "auto-suggestion" -- the ocular vision becomes negative; that is, the thought-waves do not want to see something which is actually present in the ocular vision.
Many scholars are of the opinion that so-called ghosts are positive hallucinations, and sometimes people are also misguided by negative hallucinations. They say that in this case the ocular vision -- the optic nerves -- is deceiving them, but actually the main role here is played by the thought-waves, not by any physical organ, or psychic cells, or psycho-physical cells (ectoplasm).
It is said, Abhibhávan'át cittán'usrs't'apretadarshanam ["The sight of ghosts is created by the cittán'u (mind-stuff) in concentrated thought"]. Abhibhávan'a means "cellular suggestion" -- that which affects not only the mind but also the nerve cells, so that due to the defective functioning of the nerve cells one sees something which is not present, or does not see something which is actually physically present. Cellular suggestion is of two types: auto-suggestion and outer-suggestion. Auto-suggestion takes place within the jurisdiction of one's own mind, in the individual mind, whereas outer-suggestion is the transmission of suggestion from another's mind, from another, stronger, mind. When a weaker mind is greatly influenced by a stronger mind, as a result something is not seen or nothing is seen.
You know, philosophically, whatever we see in this universe is, we may say, a positive hallucination created by the Supreme Consciousness (Parama Purus'a). Whatever He thinks is seen by the nerve cells of the individual mind. The difference between this practical world and ghosts is that in the case of ghosts the suggestion comes from the individual mind; one's own thought is projected outside.
But when people see so-called ghosts and apparitions, are they always positive hallucinations? No, they are not. Whatever we observe in this physical world is made of the five fundamental factors (solid, liquid, luminous, aerial and ethereal), created in such a way that it automatically functions. Its inherent capacity for action is derived from this physical world under the inspiration of the Supreme Consciousness.
There may be some entities that do not require food and drink. Any entity composed of solid and liquid factors will certainly require food and drink, because food is mainly composed of the solid factor, and drink is mainly composed of the liquid factor. But if any entity is composed only of the other three factors -- luminous, aerial, and ethereal -- without any solid or liquid, then that entity is called a "luminous body".
By means of nerve cells, the mind operates the physical body: by creating vibrations such as smell, form, touch, taste, etc., the nerve cells either receive tanmátras (inferential essences) or projects them externally. But luminous bodies have no nerves, because nerve cells and nerve fibres are all physical; thus they cannot function properly. Only, as in auto-suggestion, they may create a vibration within, and experience some type of feeling.
These luminous bodies are not ghosts or apparitions; they have nothing to do with them. Neither are they related to auto-suggestion or outer-suggestion. Under some circumstances, if someone happens to see this kind of luminous body, one may think one is seeing a ghost. But actually there is no ghost at all -- it is only a luminous body. It is not possible to see luminous bodies in broad daylight; it may be possible during the darkness of night, but then not everywhere.
It is said that there are seven kinds of luminous bodies: yaks'a, siddha, gandharva, kinnara, vidyádhara, Prakrtiliina and videhaliina. They are categorized according to their respective psychologies.
Suppose there is a very elevated person who often ideates on the Supreme Consciousness, but who has some greed for wealth. He or she does not, however, express it openly to the Supreme, nor does he or she even think of it directly. He or she thinks indirectly, "Oh, since I am a devotee of the Supreme Consciousness, He will certainly give me enormous wealth and make me immensely rich." Those who harbour this sort of covert desire are reborn as yaks'as. Thus sometimes we refer to "the wealth of the yaks'as".
I will explain something about siddhas a bit later.
The third is vidyádhara. Those who have vanity of knowledge, although they do not expressly beseech this from the Supreme, but rather think inwardly that the Supreme should bestow an enormous wealth of knowledge upon them -- this type of person is reborn as vidyádhara. Vidyádhara is also a luminous body.
The next is gandharva. Those who have a great talent for higher music (people should cultivate music to the maximum to give pleasure to the Supreme Consciousness) and mentally think, "Oh, Parama Purus'a, I want knowledge of the science of music, not You" -- they are reborn as gandharvas. (In Sanskrit the science of music is called gándharva vidyá.) They are also luminous bodies; they are not ghosts at all. They are also not visible in daylight, just as other luminous bodies are invisible.
The next is kinnara. Those who are vain about their physical beauty, or those who pray to the Supreme to give them more and more physical charm, are reborn as kinnaras. They are also luminous bodies.
Then siddha. Those human beings who are doing sádhaná, who have great love for Parama Purus'a, but in their heart of hearts are proud of their occult powers or pray to Parama Purus'a to grant them still more occult powers -- these people after death are reborn as siddhas. Of all the categories of luminous bodies, the siddhas are the most elevated. They often help sádhakas in their sádhaná.
All these luminous bodies are collectively called devayoni. Besides the above, there are videhaliina and Prakrtiliina. Those who wrongly worship Parama Purus'a in the form of clay, iron or other material substances, are ultimately transformed into Prakrtiliina.
The next is videhaliina: those who run after occult powers and think, "I will attain such great occult power that with it, I will move from place to place." These are all luminous bodies; they are not ghosts, nor are they positive or negative hallucinations.
Thus ghosts are not positive hallucinations, or negative hallucinations, or siddhas or devayonis. Then is there any such things as ghosts? Not exactly ghosts, but there is something like that.
After death, when the mind dissociates from the body, the accumulation of unfulfilled sam'skáras or reactive momenta remains, although the body with the five fundamental factors no longer exists. Thus, the mind cannot function, but it remains in potential form. Now, in some circumstances, if the ectoplasm of a living person is associated with that disembodied potential mind, then that disembodied mind gets a mental body temporarily, for a very short time. Then that mental body can start functioning with the help of the nerve cells and nerve fibres of that living person, but only for a few minutes.
What is this called? It is neither a positive hallucination or a negative hallucination, nor is it a luminous body (devayoni). Then what is it? A living person's ectoplasmic cells become the mental body of a dead person for a few minutes until -- after a few minutes -- that mental body again dies. This mental body I will call pres'itamánas -- "re-created mind."
Some people may do good works or get good works done with the help of these pres'itamánas, but only those who have perfect control over their minds and over the nerve cells and nerve fibres of their bodies can do this.
Those who are bad people can do evil deeds with the help of these pres'itamánas. They can hurl stones into others' houses, throw bones, or overturn tables and cots -- all these things can be done for only a few minutes.
So we see that what we call a "ghost" is not always a positive or a negative hallucination, nor is it always a siddha or a pres'itamánas. In fact, we cannot prove the existence of a pres'itamánas or siddha, and insofar as positive hallucination is concerned, it does not have any actual existence at all. If you see a positive hallucination, it is a mental disease.
If anything of this sort (pres'itamánas or luminous body) comes before you, there is only one remedy to remove it: that is, do kiirtana or devotional chanting. Do kiirtana for one minute or repeat your guru mantra, and that "ghost" will instantly vanish into thin air. So under no circumstances should you be afraid.
P. R. SARKAR - 15 May 1982 RU, Calcutta - A Few Problems Solved Part 5
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