Shrii Shrii Ánandamúrtijii, 10 de dezembro de 1964, Salem, Índia.
Você sabe, a vida é uma luta constante, uma luta entre a força divina e a força do mal , vidyá shakti e avidyá shakti. Essas duas forças beligerantes estão ativas na mente humana. Um sádhaka irá encorajar a força divina, e um não-sádhaka irá encorajar a força do mal. Essa luta é chamada de devásura saḿgráma. O lado deva é a força divina, e o lado asura é a força do mal. Essa devásura saḿgráma ocorre desde tempos imemoriais; e é por isso que a prática espiritual, sádhaná espiritual, é chamada de sádhanásamara. Sádhaná é samara. Samara significa “guerra”, “luta”.
A gente ver essa situação no Giitá. No Giitá, na primeiro shloka, o que diz? Dhrtaráśt́ra uváca “Dhritarastra disse”:
[“Ó Sanjaya, agora que meus filhos e os filhos de Pandu se reuniram no campo de batalha de Dharmakśetra, de Kurukśetra, ansiosos para lutar, o que está acontecendo?”]
"Dhritarastra disse." Quem é Dhritarastra? Dhrta significa “controle”, “entidade controladora”, e ráśt́ra significa “estrutura”. E quem controla sua estrutura física? Sua mente. Por causa da mente, por causa da existência da mente, a solidariedade estrutural de um corpo é mantida. Se a mente deixa o corpo, o corpo se decompõe, se dissocia; sua solidariedade estrutural será perdida. Então, quem é Dhritarastra? Aquele que controla o ráśt́ra, aquele que controla o corpo físico: isto é, a mente. Dhrtaráśt́ra uváca significa “A mente fala” - “A questão surgiu na mente, na mente humana”. Assim sendo, você sabe? Dhritarastra disse: "Sanjaya!",
Dhritarastra perguntou a Sanjaya, “Essas duas forças beligerantes, meu grupo e o grupo Pandu, se reuniram em Dharmakśetra e Kurukśetra para lutar uns contra os outros. E depois de se reunirem lá, o que eles fizeram, Sanjaya? Diga-me!"
Agora, por que Dhritarastra pergunta a Sanjaya? Porque Dhritarastra não pode ver. A mente não pode ver; a mente é uma força cega. Dhritarastra estava cego. Você sabe, Dhritarastra era cego, porque a mente é cega, a mente é uma força cega, a mente não pode ver sem a ajuda da consciência. A mente não pode ver sem a ajuda de viveka. O manah (mente) não pode ver sem a ajuda de viveka. O manah, a mente cega, pergunta a viveka ( viveka é saiṋjaya: sam + ji + al) qual o resultado da luta entre o bem e o mal. Saiṋjaya significa o poder de discriminação. O poder de discriminação entre o bem e o mal é chamado viveka - e isso é saiṋjaya. A mente cega pergunta a saiṋjaya - a mente pergunta a viveka - "Meu grupo" (isto é, o grupo da mente cega) "e o grupo Pandu - depois de se reunirem em Dharmakśetra, Kurukśetra, o que eles fizeram?"
Agora, quem são os membros do “meu grupo”, isto é, o grupo de Dhritarastra? Ou seja, quem são os apoiadores de Dhritarastra? Quem são os apoiadores da mente cega? Assim sendo, você sabe, existem dez indriyas (órgãos) no corpo humano, cakśuh, karńa, násiká, jihvá, tvak, vák, páńi, páda, páyu e upastha. Esses são os dez indriyas do corpo humano, os dez órgãos do corpo humano. Cinco são órgãos sensoriais e cinco são órgãos motores. Cakśuh, karńa, násiká, jihvá, tvak [olhos, ouvidos, nariz, língua, pele] - esses cinco órgãos são órgãos sensoriais. E vák, páńi, páda, páyu, upastha [cordas vocais, mãos / braços, pés/pernas, ânus, órgão genital] - esses cinco órgãos são órgãos motores. Existem dez órgãos. E cada órgão pode funcionar em dez direções. Assim, os instrumentos da mente podem funcionar em dez vezes dez, cem direções. Então Dhritarastra tinha cem instrumentos, cem filhos. Esses cem filhos eram o grupo de Dhritarastra. Eles são os apoiadores do materialismo, eles são a força do mal.
E Páńd́aváshcaeva. Eles estão lutando contra quem? Contra os Pandavas. Qual é o significado de páńd́ava? Em sânscrito pańd́á, do verbo raiz pańd́, significa “conhecimento espiritual, conhecimento sutil”. Pańd́ita significa “aquele que adquiriu conhecimento espiritual, aquele que adquiriu conhecimento sutil”. Pańd́á significa “Eu sou Brahma (Deus)”. Essa firme determinação, essa postura de “Eu - Brahma”, essa firme determinação, é chamada de pańd́á. E aquele que adquiriu pańd́á é chamado de pańd́ita - e aquele que deseja adquirir este conhecimento é chamado de pańd́u - e páńd́ava significa “pertencente a pańd́u”. Os estágios pelos quais você terá que passar em sua prática espiritual são páńd́ava. Em seu sádhaná espiritual, você deve elevar sua kulakuńd́alinii, a “serpente enrolada”, do múládhára cakra até à glândula pineal. E neste processo de ascensão, esta “serpente enrolada”, este kulakuńd́alinii, terá que passar por cinco plexos importantes. Esses cinco plexos importantes são o múládhára cakra, o svádhiśt́hána cakra, o mańipúra cakra, o anáhata cakra e o vishuddha cakra. Esses são os cinco plexos que controlam a fisicalidade, controlando o mundo físico. O múládhára cakra é representado por Sahadeva, o svádhiśt́hána cakra é representado por Nakula, o mańipúra cakra é representado por Arjuna, o anáhata cakra por Bhima e o vishuddha cakra por Yudhisthira. E acima disso está o local da mente. Qual mente? A mente sutil. Quando a kulakuńd́alinii chega até aqui [o ponto médio entre as sobrancelhas], a pessoa atinge a postura qualificada, savikalpa samádhi. Portanto, para atingir esta postura de savikalpa, o kulakuńd́alinii, isto é, a jiiva shakti, a divindade adormecida, terá que passar por esses cinco estágios. Portanto, esses cinco estágios são o Paiṋca Páńd́ava [Cinco Pandavas].
Então, de um lado, esta kulakuńd́alinii passando por cinco cakras; do outro lado, os cem agentes de Dhritarastra. Eles estão lutando uns contra os outros. Essa luta é a luta de sádhaná, a sádhanásamara. E onde essa luta está acontecendo? Em Dharmakśetra, Kurukśetra. O que é dharmakśetra? Seu corpo físico é dharmakśetra. Sem este corpo físico, você não pode praticar o dharma. Depois de deixar este corpo físico, você não será capaz de seguir o Dharma, de fazer Dharma sádhaná. Portanto, seu corpo físico - este corpo - é dharmakśetra. Ou seja, essa luta está ocorrendo dentro deste corpo. E kurukśetra? Kuru significa, em sânscrito, “fazer” - é o modo imperativo, segunda pessoa, número singular, do verbo raiz kr. Kuru significa “fazer” - anujiṋá [imperativo]. E kśetra significa “campo”. Kurukśetra significa o campo que está sempre dizendo: "Kuru, kuru, kuru ... faça algo, faça algo, faça algo, faça algo!" Kśetra-kuru - “o kśetra das ações”. Então kurukśetra - este universo é Kurukśetra, este mundo é Kurukśetra. E seu corpo é Dharmakśetra. E esta guerra entre os Pandavas e os Kaoravas, os cem Kaoravas e os cinco Pandavas, está ocorrendo neste Dharmakśetra e neste vasto Kurukśetra. Essa luta nunca vai acabar! Na vida individual, quando os Pandavas vencerem, você obterá a salvação, mas na vida coletiva, tal salvação nunca virá, continuará para sempre ... Na sua vida individual, você fará sádhaná e obterá a salvação. E com sua força espiritual, com sua força intelectual, com sua força física, você deve servir à sociedade.
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