05/12/2015
26/11/2015
30/10/2015
O MICROCOSMO E SEU OBJETO DE IDEAÇÃO
Shrii Shrii Anandamurti, 12 de maio de 1979, Fiesch, Suíça.
O discurso de hoje é “O microcosmo e seu objeto de Ideação".
O microcosmo é uma conação macropsíquica [1] e, portanto, todas as atribuições do Macrocosmo,
todas as regras do Macrocosmo, também estão presentes no microcosmo, mas em forma de miniatura.
Por natureza, o microcosmo é uma... contraparte objetivada do Macrocosmo. E, por estar dentro do
âmbito infinito do Macrocosmo, ele continua movendo-se e movendo-se. O caminho é infinitamente
longo. O microcosmo vai continuar movendo-se até atingir aquela meta específica. Qual seria a meta?
Uma das regras psíquicas é que qualquer objeto toma a forma de sua meta, ou seja, ele é transmutado
em seu próprio objeto. Portanto, o objeto de ideação do microcosmo deve ser selecionado com muito
cuidado.
Agora vejamos: qual deve ser o melhor objeto de ideação?
Primeiramente, consideremos o caso do tempo, o Tempo Eterno.
O que é isto? Trata-se de uma medição psíquica da motividade da ação. Agora, será que ela
pode ser o objeto de ideação?
Ela não pode ser o objeto de ideação, porque a primeira coisa é que ela é uma medição psíquica.
Para ocorrer uma medição psíquica, deve haver um corpo psíquico, ou seja, um corpo psíquico
unitário. E se o corpo psíquico unitário mede o tempo, o tempo não pode ser a Entidade Suprema. Por
isso, ele não pode ser o objeto de ideação.
A segunda coisa é [...] que se trata de uma medição psíquica. [2] [...] Medição psíquica
significa mobilidade psíquica. E mobilidade psíquica significa uma mudança de lugar. A entidade que
requer uma mudança psíquica de lugar ou de espaço não pode ser a Entidade Suprema. Por esta razão
também, o Tempo Eterno não pode ser o objeto de ideação de vocês.
A terceira coisa é que esta medição depende da mobilidade ou motividade da ação. O que é
motividade ou mobilidade? Ela também baseia-se na mudança de lugar ou de espaço físicos. Para isso
se requer que este mundo físico seja criado, e depois que a medição da ação seja feita pelo corpo
psíquico do Macrocosmo.
Portanto, o fato é que a entidade cuja própria existência depende destes fatores físicos ou
psicofísicos não pode ser a Entidade Suprema. Então, vemos assim que o Tempo Eterno não é a nossa
meta; ele não é algo psíquico, e nem sequer é algo abstrato. É algo pior do que o abstrato. Portanto, ele
é algo mais grosseiro do que os seres humanos; ao invés disso, os seres humanos é que são os criadores
desta entidade. Portanto ela não é o nosso objeto de ideação; ela não pode ser o nosso objeto de
meditação; ela não pode ser o nosso objeto de adoração ou de exaltação.
Agora tomemos o caso da natureza.
Há algumas pessoas, ou houve algumas pessoas no passado que eram adoradoras da natureza, adorando árvores, adorando o céu, e assim por diante. Será que a natureza pode ser o objeto de ideação?
Não, certamente não. O que é a natureza? A natureza é o nome de um estilo particular segundo o qual o Princípio Operativo [3] funciona. Ela é simplesmente um estilo. Esse estilo não pode ser o objeto de meditação ou de ideação. E a segunda coisa é que, como a natureza não é nada mais do que um estilo, se esse estilo torna-se o objeto, então a própria entidade será convertida somente em um estilo – em um mero estilo. É uma idéia tola. Portanto, tais adoradores da natureza podem ser estudiosos eruditos, mas na verdade eles vivem no paraíso dos tolos. A natureza não pode ser o nosso objeto de ideação.
Terceiro, o Destino. Houve, e há, muitas pessoas que são fatalistas. Os adoradores do destino. “Fatalista” significa adorador do destino – adorador da sorte e do destino. Eles são piores que os adoradores da natureza. O que é o destino?
Não há nada chamado de destino neste universo. No que diz respeito à filosofia, não pode haver qualquer coisa chamada de destino. O que é o destino? Toda e cada pessoa terá que sujeitar-se à reação de suas ações anteriores. Quando a ação original é conhecida, dizemos que esta é a reação daquela ação. Suponha que o seu dedo entre em contato com o fogo. Você vai sentir dor, você vai ter que sofrer – mas, nessa hora, você irá dizer, ou você irá sentir, que foi porque o seu dedo entrou em contato com o fogo que você está sofrendo. Mas quando a reação ocorre [4] mais tarde e quando a ação original não é conhecida ou foi esquecida, ou quando a ação original aconteceu em uma vida passada, e você não sabe qual foi a ação original [5]– neste caso você diz que isto “é o destino, é o destino”. Mas na verdade não existe destino. O que você chama de destino na verdade é a reação de nossas ações passadas. Em sânscrito isto é chamado de samskára. Samskára. Em latim, momenta [6] reativos.
Então, a terceira coisa... Portanto, o destino não pode ser o objeto de ideação. Destino é simplesmente a reação da ação original. E quando não existir uma ação original, não pode haver qualquer reação. Então a reação é uma criação da própria ação de vocês. Se a reação é uma criação da própria ação de vocês, vocês são os criadores, vocês são os pais da reação. Então, como pode a reação ser o objeto de ideação de vocês?
Não. O ser humano não deve ser fatalista, o ser humano não deve ser adorador do destino, o ser humano deve ser firme. Você deve enfrentar firmemente todas as dificuldades, todas as conseqüências. Lembrem-se: vocês não devem ser fatalistas. Portanto, o destino não pode ser o objeto de meditação. Lute contra o destino.
Então, algumas pessoas dizem que esta Terra é uma criação do acaso. Este universo é uma criação do acaso. O acaso é a causa essencial desta criação. Então, o acaso é o deus, porque ele criou o mundo. E portanto o acaso deverá ser o objeto de ideação.
Esta também é uma idéia tola. O que é acaso ou acidente?
Não existe nada chamado de acidente – tudo é incidente. Quando uma ação é materializada num intervalo de tempo curto – num intervalo de tempo muito curto – ou quando a causa básica da ação não é conhecida por nós – nós apenas estamos vendo a reação, apenas estamos vendo o incidente – o aspecto causal do incidente não é conhecido por nós – ou quando o aspecto causal é traduzido em ação dentro de um intervalo de tempo muito curto, nós dizemos que isto é um acidente. Mas na verdade nada é acidente, tudo é incidente. Por causa da nossa futilidade, ou por causa da nossa falta de conhecimento, nós dizemos que é um acidente. Quando o aspecto causal, quando o fator causal é traduzido em ação dentro de um intervalo muito curto – digamos, alguns segundos –, nós dizemos que é um acidente. E quando ele é traduzido em ação lentamente, nós não dizemos que é um acidente; nós dizemos que é um incidente. Portanto, um acidente não é algo providencial; ou, o nosso acidente não é algo fora do âmbito de tempo, espaço e pessoa. Porque todo acidente ocorre – todos os acidentes ocorrem dentro do escopo de tempo, espaço e pessoa. A entidade que está dentro – não fora – da periferia de tempo, lugar e pessoa não pode ser a meta de vocês, não pode ser o objeto de ideação de vocês, não pode ser o objeto de meditação de vocês e não pode ser... o criador ou a fonte de exaltação de vocês.
Algumas pessoas dizem... que esses fatores quinqüelementais [7] dos quais este universo é feito...
Esses fatores quinqüelementais: o que são esses fatores? Eles não são nada além de uma forma condensada de energia.
E o que é energia?
Ela não é nada mais que uma forma condensada de estamina psíquica. Então, como podem esses fatores quinqüelementais deste mundo expresso ser o objeto de ideação? [8]
Eles não podem ser a meta de vocês; eles não podem guiar vocês no caminho da beatitude. Portanto, aqueles que são adoradores ou meditadores dos fatores quinqüelementais são pessoas malorientadas. Eles estão apenas desperdiçando a sua energia por nada.
Algumas pessoas são da opinião de que a Energia Cósmica [9] é a fonte original ou matriz causal do universo. Portanto, esta matriz causal deveria ser o objeto de ideação.
Mas o que é esta matriz causal?
Matriz causal... Essa Energia Cósmica não pode considerada como a matriz causal porque ela é uma força cega. A energia é uma força cega. A eletricidade é uma força cega. Ela é controlada pelo intelecto humano. Portanto, como a Energia Cósmica não tem apoio intelectual atrás de si, ela não pode ser a matriz causal. Porque em todos os lugares deste universo, vemos que todas as coisas seguem um estilo ordenado. Ou seja, existe algo intelectual por trás da Energia Cósmica. E é por isso que existe ordem em toda a parte. Existe sistema em toda a parte. Toda a criação tem uma ordem sistemática e por isso ela não pode ser criação de uma força cega ou de uma energia cega. Deve haver alguma força intelectual por trás dela. Portanto, a Energia Cósmica não pode ser tratada como a matriz causal, e não pode atribuir a ela... – não se pode atribuir nenhuma divindade a ela. Ela não pode receber a qualificação de matriz causal.
Algumas pessoas são da opinião de que existe a alma, de que existe um espírito em toda e cada estrutura e que esse espírito é a meta da nossa vida.
Vejam vocês, existem muitos espíritos e almas associados a muitos microcosmos. Mas eles têm que funcionar sob certas limitações. Eles não podem ir além da abrangência do microcosmo. Um objeto, ou melhor, uma entidade que tenha um alcance limitado como esse, tal como o espírito unitário ou a faculdade cognitiva unitária, não pode ser o objeto de ideação de vocês, não pode ser o Criador Supremo.
Então, quem é o objeto de ideação de vocês? Quem deve ser o objeto de ideação de vocês? Qual é o poder que criou vocês, que alimenta vocês e que põem vocês no Seu colo quando chega o momento apropriado?
Ele é a Força Cognitiva [10] por trás da Energia Cósmica. Ele controla a Energia Cósmica com o Seu poder intelectual e intuitivo. Ele é a Consciência Suprema. E na verdade Ele é a matriz causal, e Ele deveria ser o único objeto de ideação, o único objeto de meditação de vocês. E Ele é o Pai Supremo. [11] Não há outra alternativa a não ser mover-se ao longo do caminho Dele. Ele sabe tudo. Unam-se com Ele.
Agora, desde o exato início das suas vidas no passado distante até o ponto culminante de todos os seus movimentos e marchas, vocês estão com Ele, vocês estarão com Ele e... em nenhuma circunstância vocês estarão distantes Dele. Por isso, Ele é o único objeto de ideação – essa Consciência Suprema.
A raiz do significado do termo bábá é “o mais querido” ou “o mais próximo”. Como Ele é o Pai Supremo, a Consciência Suprema, Ele é Bábá de toda a criação. E como vocês são os seres criados, vocês são as amadas crianças Dele – vocês também são Bábá Dele – porque bábá significa “mais próximo e mais querido”.
Como ele é o único objeto de ideação de vocês, e como o nome Dele é a única... projeção da entidade microcósmica de vocês, a única projeção de pensamento, a única projeção introversiva – projeção introversiva e extroversiva [12] –, então o nome Dele deveria estar sempre... com vocês, nas suas mentes, nas suas línguas, nas suas cordas vocais, em todos os lugares.
E eu sinto, e eu também compreendo, e é por isso que eu digo: que quando os devotos Dele, as crianças Dele, cantam Bábá Nám Kevalam, Ele também canta Bábá Nám Kevalam.[13]
Há algumas pessoas, ou houve algumas pessoas no passado que eram adoradoras da natureza, adorando árvores, adorando o céu, e assim por diante. Será que a natureza pode ser o objeto de ideação?
Não, certamente não. O que é a natureza? A natureza é o nome de um estilo particular segundo o qual o Princípio Operativo [3] funciona. Ela é simplesmente um estilo. Esse estilo não pode ser o objeto de meditação ou de ideação. E a segunda coisa é que, como a natureza não é nada mais do que um estilo, se esse estilo torna-se o objeto, então a própria entidade será convertida somente em um estilo – em um mero estilo. É uma idéia tola. Portanto, tais adoradores da natureza podem ser estudiosos eruditos, mas na verdade eles vivem no paraíso dos tolos. A natureza não pode ser o nosso objeto de ideação.
Terceiro, o Destino. Houve, e há, muitas pessoas que são fatalistas. Os adoradores do destino. “Fatalista” significa adorador do destino – adorador da sorte e do destino. Eles são piores que os adoradores da natureza. O que é o destino?
Não há nada chamado de destino neste universo. No que diz respeito à filosofia, não pode haver qualquer coisa chamada de destino. O que é o destino? Toda e cada pessoa terá que sujeitar-se à reação de suas ações anteriores. Quando a ação original é conhecida, dizemos que esta é a reação daquela ação. Suponha que o seu dedo entre em contato com o fogo. Você vai sentir dor, você vai ter que sofrer – mas, nessa hora, você irá dizer, ou você irá sentir, que foi porque o seu dedo entrou em contato com o fogo que você está sofrendo. Mas quando a reação ocorre [4] mais tarde e quando a ação original não é conhecida ou foi esquecida, ou quando a ação original aconteceu em uma vida passada, e você não sabe qual foi a ação original [5]– neste caso você diz que isto “é o destino, é o destino”. Mas na verdade não existe destino. O que você chama de destino na verdade é a reação de nossas ações passadas. Em sânscrito isto é chamado de samskára. Samskára. Em latim, momenta [6] reativos.
Então, a terceira coisa... Portanto, o destino não pode ser o objeto de ideação. Destino é simplesmente a reação da ação original. E quando não existir uma ação original, não pode haver qualquer reação. Então a reação é uma criação da própria ação de vocês. Se a reação é uma criação da própria ação de vocês, vocês são os criadores, vocês são os pais da reação. Então, como pode a reação ser o objeto de ideação de vocês?
Não. O ser humano não deve ser fatalista, o ser humano não deve ser adorador do destino, o ser humano deve ser firme. Você deve enfrentar firmemente todas as dificuldades, todas as conseqüências. Lembrem-se: vocês não devem ser fatalistas. Portanto, o destino não pode ser o objeto de meditação. Lute contra o destino.
Então, algumas pessoas dizem que esta Terra é uma criação do acaso. Este universo é uma criação do acaso. O acaso é a causa essencial desta criação. Então, o acaso é o deus, porque ele criou o mundo. E portanto o acaso deverá ser o objeto de ideação.
Esta também é uma idéia tola. O que é acaso ou acidente?
Não existe nada chamado de acidente – tudo é incidente. Quando uma ação é materializada num intervalo de tempo curto – num intervalo de tempo muito curto – ou quando a causa básica da ação não é conhecida por nós – nós apenas estamos vendo a reação, apenas estamos vendo o incidente – o aspecto causal do incidente não é conhecido por nós – ou quando o aspecto causal é traduzido em ação dentro de um intervalo de tempo muito curto, nós dizemos que isto é um acidente. Mas na verdade nada é acidente, tudo é incidente. Por causa da nossa futilidade, ou por causa da nossa falta de conhecimento, nós dizemos que é um acidente. Quando o aspecto causal, quando o fator causal é traduzido em ação dentro de um intervalo muito curto – digamos, alguns segundos –, nós dizemos que é um acidente. E quando ele é traduzido em ação lentamente, nós não dizemos que é um acidente; nós dizemos que é um incidente. Portanto, um acidente não é algo providencial; ou, o nosso acidente não é algo fora do âmbito de tempo, espaço e pessoa. Porque todo acidente ocorre – todos os acidentes ocorrem dentro do escopo de tempo, espaço e pessoa. A entidade que está dentro – não fora – da periferia de tempo, lugar e pessoa não pode ser a meta de vocês, não pode ser o objeto de ideação de vocês, não pode ser o objeto de meditação de vocês e não pode ser... o criador ou a fonte de exaltação de vocês.
Algumas pessoas dizem... que esses fatores quinqüelementais [7] dos quais este universo é feito...
Esses fatores quinqüelementais: o que são esses fatores? Eles não são nada além de uma forma condensada de energia.
E o que é energia?
Ela não é nada mais que uma forma condensada de estamina psíquica. Então, como podem esses fatores quinqüelementais deste mundo expresso ser o objeto de ideação? [8]
Eles não podem ser a meta de vocês; eles não podem guiar vocês no caminho da beatitude. Portanto, aqueles que são adoradores ou meditadores dos fatores quinqüelementais são pessoas malorientadas. Eles estão apenas desperdiçando a sua energia por nada.
Algumas pessoas são da opinião de que a Energia Cósmica [9] é a fonte original ou matriz causal do universo. Portanto, esta matriz causal deveria ser o objeto de ideação.
Mas o que é esta matriz causal?
Matriz causal... Essa Energia Cósmica não pode considerada como a matriz causal porque ela é uma força cega. A energia é uma força cega. A eletricidade é uma força cega. Ela é controlada pelo intelecto humano. Portanto, como a Energia Cósmica não tem apoio intelectual atrás de si, ela não pode ser a matriz causal. Porque em todos os lugares deste universo, vemos que todas as coisas seguem um estilo ordenado. Ou seja, existe algo intelectual por trás da Energia Cósmica. E é por isso que existe ordem em toda a parte. Existe sistema em toda a parte. Toda a criação tem uma ordem sistemática e por isso ela não pode ser criação de uma força cega ou de uma energia cega. Deve haver alguma força intelectual por trás dela. Portanto, a Energia Cósmica não pode ser tratada como a matriz causal, e não pode atribuir a ela... – não se pode atribuir nenhuma divindade a ela. Ela não pode receber a qualificação de matriz causal.
Algumas pessoas são da opinião de que existe a alma, de que existe um espírito em toda e cada estrutura e que esse espírito é a meta da nossa vida.
Vejam vocês, existem muitos espíritos e almas associados a muitos microcosmos. Mas eles têm que funcionar sob certas limitações. Eles não podem ir além da abrangência do microcosmo. Um objeto, ou melhor, uma entidade que tenha um alcance limitado como esse, tal como o espírito unitário ou a faculdade cognitiva unitária, não pode ser o objeto de ideação de vocês, não pode ser o Criador Supremo.
Então, quem é o objeto de ideação de vocês? Quem deve ser o objeto de ideação de vocês? Qual é o poder que criou vocês, que alimenta vocês e que põem vocês no Seu colo quando chega o momento apropriado?
Ele é a Força Cognitiva [10] por trás da Energia Cósmica. Ele controla a Energia Cósmica com o Seu poder intelectual e intuitivo. Ele é a Consciência Suprema. E na verdade Ele é a matriz causal, e Ele deveria ser o único objeto de ideação, o único objeto de meditação de vocês. E Ele é o Pai Supremo. [11] Não há outra alternativa a não ser mover-se ao longo do caminho Dele. Ele sabe tudo. Unam-se com Ele.
Agora, desde o exato início das suas vidas no passado distante até o ponto culminante de todos os seus movimentos e marchas, vocês estão com Ele, vocês estarão com Ele e... em nenhuma circunstância vocês estarão distantes Dele. Por isso, Ele é o único objeto de ideação – essa Consciência Suprema.
A raiz do significado do termo bábá é “o mais querido” ou “o mais próximo”. Como Ele é o Pai Supremo, a Consciência Suprema, Ele é Bábá de toda a criação. E como vocês são os seres criados, vocês são as amadas crianças Dele – vocês também são Bábá Dele – porque bábá significa “mais próximo e mais querido”.
Como ele é o único objeto de ideação de vocês, e como o nome Dele é a única... projeção da entidade microcósmica de vocês, a única projeção de pensamento, a única projeção introversiva – projeção introversiva e extroversiva [12] –, então o nome Dele deveria estar sempre... com vocês, nas suas mentes, nas suas línguas, nas suas cordas vocais, em todos os lugares.
E eu sinto, e eu também compreendo, e é por isso que eu digo: que quando os devotos Dele, as crianças Dele, cantam Bábá Nám Kevalam, Ele também canta Bábá Nám Kevalam.[13]
Kalyáňamastu!!! [Que haja bem-estar.]
* * *
1
Nota do Tradutor (N.T.): Este é um aspecto da teoria cosmológica do autor. Tal afirmação equivale aproximadamente a dizer-se que
todos os seres ou entidades unitárias (microcosmos) existem dentro de uma Mente Cósmica (Macrocosmo). Ou seja, suas existências
dependem do funcionamento da Mente Cósmica – e mais: suas existências são propriamente pensamentos ou criações mentais
(conações) dessa Mente Cósmica, e não possuem nenhuma existência separada da mesma.
2
N.T.: Nesta altura, três frases do autor foram omitidas pois não estão completamente audíveis ou inteligíveis no áudio do discurso
original. O que foi possível transcrever é o seguinte (incluindo as frases imediatamente precedente e subsequente): “Second thing is:
[…] that it is psychic measurement. Who measures? It is a […]. Now, psychic measurement means psychic mobility.”
3
N.T.: Aqui o autor lança mão de outro aspecto de sua teoria cosmológica – a saber: o Princípio Operativo é um dos dois princípios
os quais, juntos, são inteiramente responsáveis pela criação do universo manifesto, e inclusive da própria Mente Cósmica dentro da
qual o mesmo existe. A interação desses dois princípios se dá com a operação ou atuação do Princípio Operativo sobre o outro
princípio, o Princípio Cognitivo; mas o início dessa operação se dá por uma determinação de parte do Princípio Cognitivo, e não do
Princípio Operativo.
4
N.T.: Nesta altura, uma palavra do autor foi omitida pois não está completamente audível ou inteligível no áudio do discurso
original.
5
N.T.: Esta última frase foi adaptada pois parte dela não está completamente audível ou inteligível no áudio do discurso original. O
que foi possível transcrever é o seguinte: “…or the original action took place in another past life, [there is] not know what was the
original action”.
6
N.T.: plural de momentum - significando “impulso”, ou “quantidade de movimento”.
7
N.T.: Os chamados cinco fatores fundamentais. Em sua teoria cosmológica, o autor explica que esse cinco fatores fundamentais
foram criados um após o outro, sucessivamente, dentro da Mente Cósmica, e que qualquer entidade material do universo manifesto é
composto por uma combinação particular dos mesmos.
8
N.T.: Esta última frase foi adaptada pois parte dela não está completamente audível ou inteligível no áudio do discurso original. O
que foi possível transcrever é o seguinte: “Then how […] these quinquelemental factors of this expressed world can be the object of
ideation?”
9
N.T.: O termo “Energia Cósmica” aqui é um sinônimo do antes mencionado “Princípio Operativo”.
10 N.T.: Aqui, o termo “Força Cognitiva” é um sinônimo do antes mencionado “Princípio Cognitivo”. (Vide nota 2.)
11 N.T.: Como já explicado na nota 2, quando o Princípio Operativo, subordinado ao Princípio Cognitivo, começa a atuar sobre este
último, inicia-se o processo de criação do universo manifesto. Neste caso, a referência à Consciência Suprema, ou ao Princípio
Cognitivo, como “Pai Supremo”, é em sentido figurado. De modo semelhante, o Princípio Operativo, ou “Energia Cósmica”, ou
“Força da Natureza”, também pode ser representada como uma “Mãe Suprema”.
Entretanto, de acordo com a teoria cosmológica do autor, pode-se apontar que no estágio primordial a Energia Cósmica
permanecia sem nenhuma atuação sobre a Força Cognitiva, e esta por sua vez permanecia sem nenhuma expressão. E enquanto não
houve a iniciativa do Princípio Cognitivo em “permitir” a atuação da Energia Cósmica, nada aconteceu. É neste sentido que se conclui
a subordinação da Energia Cósmica (uma força cega) ao Princípio Cognitivo.
12 N.T.: “intro-cum-extroversial”, em inglês.
13 N.T.: O termo “bábá” já foi explicado pelo autor. “Nám” é uma raiz verbal em sânscrito que significa “Eu me entrego”. E
“kevalam” significa que “é o único caminho, que não há alternativa”. De modo que o significado geral desse mantra pode ser
entendido como “Somente a esse objetivo, a essa meta, eu me entrego” ou também “Eu estou tomando o nome da Entidade Suprema”.
Observação: As palavras em negrito correspondem aproximadamente a partes do discurso às quais
o autor deu maior ênfase através da elevação do seu tom de voz.
Revisão da transcrição do arquivo de áudio original, tradução e revisão da tradução: Mahesh
Florianópolis: 20 a 22 de março; 18 de setembro de 2009; 16 de março de 2011.
Fonte: Edição Eletrônica das Obras de P. R. Sarkar – versão 7.5 (em inglês)
Publicado em:
Subhasita Samgraha Part 12
Ba ba in Fiesch
(obras ainda não publicadas em português)
19/10/2015
11/10/2015
PRINCÍPIOS DE PROUT
1.
Varn’apradha’nata’
cakradha’ra’ya’m
“No
movimento dos ciclos sociais, sempre há uma classe que domina.”
Significado:
Uma vez que nenhum sistema social evoluiu de forma coesa nos
primórdios da civilização, podemos denominar aquela época de era
Shu’dra.
Naqueles tempos todas as pessoas obtinham seu sustento através do
trabalho braçal. Depois veio a era dos líderes de clãs — dos
fortes e destemidos, a qual podemos chamar de era Ks’attriya.
A esta seguiu-se a era dos intelectuais — também conhecida como
era Vipra. Finalmente veio a era dos capitalistas — a era
Vaeshya.
Quando
guerreiros e intelectuais são subjugados como trabalhadores braçais,
devido à exploração promovida pela era Vaeshya [Capitalista],
ocorre a revolução dos shu’dras.
Mas os shu’dras
não conseguem formar um sistema social coeso nem têm intelecto
suficientemente desenvolvido para governar a sociedade. Por
conseguinte, o poder na era pós-capitalista passa logo para as mãos
daqueles que comandam a revolução dos shu’dras
— os líderes fortes e corajosos. Assim, começa a segunda era
Ks’attriya.
Desta
forma, as eras Shu’dra,
Ks’attriya,
Vipra e Vaeshya sucedem-se, acompanhadas de revoluções;
e em seguida começa uma segunda ordem cíclica. Assim, os ciclos
sociais (sama’ja
cakra) prosseguem em seu processo de rotatividade.
2.
Cakrakendre sadvipra’h
cakraniyantraka’h
“Os
sadvipras devem se estabelecer no núcleo do ciclo social e
controlar os ciclos sociais.”
Significado:
Aquelas pessoas que são moralistas inabaláveis e espiritualistas
sinceras e que desejam acabar, mesmo com a utilização de força,
com a imoralidade e a exploração são chamadas de sadvipras.
Elas não devem atuar na periferia dos ciclos sociais, porque delas é
a responsabilidade de controlar a sociedade, portanto, elas devem
permanecer firmemente estabelecidas no núcleo dos ciclos sociais.
O
movimento rotatório dos ciclos sociais, sem dúvida, prosseguirá,
mas se ocorrer de os dominadores — sejam as pessoas dotadas de
espírito guerreiro da era Ks’attriya,
sejam os intelectuais da era Vipra, sejam os capitalistas da
era Vaeshya — se degenerarem em exploradores ambiciosos, ao
invés de atuar como governantes benevolentes, será um dever sagrado
dos sadvipras proteger as pessoas honestas e exploradas e
subjugar os exploradores malévolos, mesmo utilizando-se de força.
3.
Shaktisampa’tena
cakragatibardhanam’
kra’ntih
“Uma
aceleração no movimento dos ciclos sociais com o uso de força é
denominada evolução.”
Significado:
Quando se verificar que guerreiros tenham se degenerado em
exploradores, os sadvipras deverão estabelecer a era Vipra,
após subjugar os exploradores guerreiros. Conseqüentemente, o
advento da era Vipra, que deveria ser de forma natural,
ocorrerá em função do uso deforça. A uma mudança de eras em tais
circunstâncias denomina-se “evolução” (kra’nti).
A diferença entre evolução e mudança natural (sva’bha’vik’a
parivarttana) é apenas esta: no processo evolutivo, o movimento
dos ciclos sociais é acelerado com a aplicação de força.
4.Tiivrashaktisampa’tenagatibardhanam’
viplavah
“Uma
aceleração no movimento dos ciclos sociais com o uso de uma força
extraordinária denomina-se revolução.”
Significado:
Quando, num curto período de tempo, uma determinada era é
substituída pela seguinte, ou quando uma força extraordinária é
aplicada para desmontar o domínio fortemente estabelecido em uma era
qualquer, tal mudança é denominada “revolução” (viplava).
5.Shaktisampa’tena
vipariitadha’ra’yam’
vikra’ntih
“Uma
reversão no movimento dos ciclos sociais com o uso de força é
denominada contra-evolução.”
Significado:
Se houver reversão de uma era para a precedente, devido à
utilização de força, a tal mudança dá-se o nome de
“contra-evolução” (vikra’nti).
Por exemplo, o estabelecimento da era Ks’attriya
em seguida à era Vipra representa uma contra-evolução. A
permanência desta contra-evolução é extremamente curta. Isto
é, em pouco tempo ela é substituída pela era seguinte ou por
aquela que viria imediatamente após esta última. Em outras
palavras, se a era Ks’attriya
suceder, repentinamente, a era Vipra, devido à
contra-evolução, então a permanência da era Ks’attriya
não será muito longa. Em pouco tempo, ela será substituída pela
era Vipra ou, como seria natural, pela era Vaeshya.
6.
Tiivrashktisampa’tena
vipariitadha’ra’yam’
prativiplavah
“Uma
reversão no movimento dos ciclos sociais resultante do uso de uma
força extraordinária chama-se contra-revolução.”
Significado:
Da mesma forma, se num curto período de tempo o ciclo social for
revertido em função do uso de uma força extraordinária, a tal
mudança dá-se o nome de “contra-revolução” (prativiplava).
A contra-revolução tem uma duração menor ainda do que a
contra-evolução.
7.
Pu’rn’a’vartanena
parikra’ntih
“Uma
rotação completa do ciclo social denomina-se evolução
periférica”.
Significado:
Uma rotação completa do ciclo social, culminando com a revolução
Shu’dra,
é chamada de “evolução periférica” (parikra’nti).
8.
Vaecitryam pra’krtadharmah
sama’nam’
na bhavis’yati
“A
diversidade, e não a igualdade, é uma lei da natureza.”
Significado:
A característica inata do Princípio Operativo Supremo (Prakrti)
é a diversidade, e não a igualdade. Dois objetos deste universo
nunca são idênticos, sejam dois corpos, duas mentes, duas
moléculas, ou dois átomos. Esta diversidade é uma tendência
inerente ao Princípio Operativo Supremo.
Aqueles
que quiserem tornar tudo igual certamente falharão, porque estarão
indo de encontro à característica inata do Princípio Operativo
Supremo. Apenas no estado em que o Princípio Operativo Supremo não
possui expressão1
tudo é igual. Aqueles que pensam em tornar todas as coisas iguais,
inevitavelmente, pensam na destruição de todos.
9.
Yugasya sarvanimnaprayojanam’
sarves’a’m’
vidheyam
“As
necessidades mínimas de uma era devem ser garantidas a todos.”
Significado:
Hararme pita’
Gaorii ma’ta’
savadeshah bhuvanatrayam. Isto é, a Consciência Suprema
(Purus’a)
é meu pai, o Princípio Supremo Operativo (Prakrti), minha
mãe e os três mundos2
são minha terra natal. Toda as riquezas do universo formam o
patrimônio comum de todos, ainda que duas coisas em todo o universo
não sejam absolutamente iguais. Portanto, as necessidades mínimas
da vida devem estar ao alcance de todos. Em outras palavras,
alimentação, vestuário, assistência médica, habitação e
educação devem ser proporcionados a todos. As necessidades mínimas
dos seres humanos, no entanto, mudam de acordo com a mudança de
eras. Por exemplo, no que diz respeito aos meios de transporte, a
bicicleta pode ser a necessidade básica numa era, enquanto que o
avião poderá sê-lo em outra. As necessidades mínimas devem estar
ao alcance de todos, de acordo com a era em que se estiver vivendo.
10.
Atirikitam’
prada’tavyam’
gun’a’nupatena
“O
excedente de riqueza deve ser distribuído entre as pessoas
meritórias, de acordo com seu mérito.”
Significado:
Depois que forem garantidas as necessidades básicas de todos, a cada
era, o excedente de riqueza terá de ser distribuído entre as
pessoas meritórias, de acordo com o mérito de cada uma. Numa era em
que a bicicleta se constituir uma necessidade mínima para as pessoas
comuns, um carro será necessário a um médico. Em reconhecimento ao
mérito das pessoas e para que lhes sejam dadas maiores chances de
prestar serviços à sociedade, elas terão direito a um carro. O
ditado “sirva de acordo com sua capacidade e ganhe conforme sua
necessidade” soa agradável ao ouvido, mas não colherá resultado
algum no solo árido da terra.
11.
Sarvanimnama’nabardhanam’
sama’ja
jiivalak-s’an’am
“A
melhoria do padrão de vida básico das pessoas indica a vitalidade
da sociedade”.
Significado:
As pessoas meritórias devem receber algo mais além dos requisitos
mínimos assegurados às pessoas em geral, como também deve-se fazer
esforços incessantes para elevar o padrão de vida básico. Por
exemplo, enquanto hoje a necessidade mínima de uma pessoa comum
seria uma bicicleta, a de uma pessoa meritória seria um automóvel,
mas esforço apropriados devem ser feitos para que as pessoas comuns
tenham acesso aos automóveis. Depois que estas tiverem adquirido
carros, poderá ser necessário dar às pessoas meritórias a
oportunidade de ter um avião. Depois que estas tiverem um avião,
esforços deverão ser feitos para proporcionar às pessoas comuns um
avião, elevando-se, então, o padrão de vida mínimo. Desta forma,
os esforços para elevar o padrão de vida mínimo devem ser
incessantes, e deles dependerão o desenvolvimento material e a
prosperidade dos seres humanos.
12.
Sama’ja’deshena
vina’
dhanasaincayah akartavyah
“Nenhum
indivíduo deve acumular qualquer riqueza material sem a permissão
ou a aprovação clara do corpo coletivo”.3
Significado:
O universo é uma propriedade de todos. Todas as pessoas têm direito
ao usufruto mas não à má utilização da propriedade coletiva. Se
uma pessoa adquire e acumula riqueza em excesso, ela diretamente
priva outros de seu conforto e felicidade na sociedade. Tal
comportamento é flagrantemente anti-social. Portanto, ninguém
deveria acumular riqueza sem o consentimento da sociedade.
13.
Sthu’lasu’ks’maka’ran’es’u
caramopayogah prakartavyah vica’ra
samarthitam’
van’t’anainca
“Deve
haver máxima utilização e distribuição racional de todo o
potencial do universo, nos planos mundano, supramundano e espiritual
.”
Significado:
As riquezas e os recursos disponíveis dos mundos denso, sutil e
causal devem ser desenvolvidos para o bem-estar de todos. Todos os
recursos inexplorados no mundo qüinqüelemental — sólido,
líquido, luminoso, aéreo e etéreo — devem ser utilizados em sua
totalidade, e o esforço nesse sentido garantirá o desenvolvimento
máximo do universo. As pessoas devem explorar com pertinácia a
terra, o mar e o espaço, para descobrir, extrair e processar as
matérias-primas fundamentais às suas necessidades.
Deve
haver uma distribuição racional da riqueza acumulada da humanidade.
Em outras palavras, todas as pessoas devem ter garantidas as
necessidades mínimas. Além disso, as necessidades das pessoas
meritórias e, em certos casos, das pessoas com carências especiais
devem ser consideradas.
14.Vyas’t’isamas’tisha’riirama’nasa’dhya’tmika
sambha’vana’ya’m’
caramo’
payogashca
“Deve
haver máxima utilização dos potenciais físico, metafísico e
espiritual da sociedade humana, tanto do indivíduo como do corpo
coletivo “.
Significado:
A sociedade deve assegurar o desenvolvimento máximo do corpo
coletivo, da mente coletiva e do espírito coletivo. Não deve ser
esquecido que o bem-estar coletivo consiste no indivíduo e que o
bem-estar individual consiste na coletividade. Se o conforto
individual não for garantido, por meio da provisão apropriada de
gêneros alimentícios, luz, ar, acomodação e cuidados médicos, o
bem-estar do corpo coletivo não poderá jamais ser conseguido.
Motivados pelo espírito de melhorar o bem-estar coletivo, nós
devemos promover o bem-estar individual
O
desenvolvimento da mente coletiva será impossível de ser alcançado,
se não houver um desenvolvimento apropriado da conscientização
social para encorajar o espírito de serviço social e despertar o
conhecimento em cada indivíduo. Assim, inspiradas no pensamento de
promover o bem-estar da mente coletiva, as pessoas devem fomentar o
bem-estar da mente individual.
A
ausência de moralidade espiritual e de espiritualidade nos
indivíduos quebrará a espinha dorsal da coletividade. Assim, para
garantir o bem-estar coletivo, é necessário despertar a
espiritualidade nos indivíduos. A mera existência de meia dúzia de
pessoas fortes e bravas, de um número reduzido de intelectuais ou de
alguns poucos espiritualistas não indica o progresso de toda a
sociedade. A potencialidade para o desenvolvimento nos planos físico,
mental e espiritual é inerentes a todos os seres humanos. Esta
potencialidade tem que ser desenvolvida e desfrutada.
15.
Sthu’lasu’ks’maka’ran’o’payoga’h
susantulita’h
vidheya’h
“Deve
haver um ajuste apropriado quanto à utilização nos planos físico,
metafísico, mundano, supramundano e espiritual.”
Significado:
Para que o bem-estar de indivíduos e da coletividade seja garantido,
deve haver um ajuste apropriado quanto à utilização nas esferas
física, mental e espiritual e nos mundos denso, sutil e causal. Por
exemplo, a sociedade tem a responsabilidade de prover os requisitos
mínimos de cada indivíduo. Mas se alimentação e habitação forem
asseguradas sob o impulso dessa responsabilidade, a iniciativa
individual será menosprezada. As pessoas, gradualmente, ficarão
letárgicas. Portanto, a sociedade deve garantir que as pessoas,
através de seu trabalho e de acordocom sua capacidade, possam ganhar
o dinheiro suficiente para a aquisição das necessidades mínimas.
Para elevar o nível das necessidades básicas das pessoas, a melhor
política é aumentar o seu poder aquisitivo.
Por
“ajuste apropriado” entende-se que a sociedade deve adotar uma
política equilibrada quanto à utilização de serviços de uma
pessoa capacitada, em qualquer um dos planos: físico, mental e
espiritual. Quando utilizar os serviços de uma pessoas, a sociedade
deverá levar em consideração sua habilidade predominante, seja no
plano físico, seja no intelectual, seja no espiritual. Em relação
àqueles que tiverem maior desenvolvimento físico e intelectual, a
sociedade deve adotar uma política equilibrada, exigindo deles mais
serviço intelectual e menos serviço físico, porque a capacidade
intelectual é comparativamente mais sutil e rara. Daqueles que são
física, mental e espiritualmente desenvolvidos, a sociedade deve
obter o máximo de serviço espiritual, um pouco de serviço
intelectual e muito menos de serviço físico.
No que
diz respeito ao bem-estar social, aqueles providos de força
espiritual podem prestar os melhores serviços, seguidos daqueles
providos de capacidade intelectual. Aqueles que só têm força
física, embora sejam importantes, não podem fazer nada de forma
independente. O que quer que façam, o fazem instruídos por pessoas
providas de capacidade intelectual ou espiritual. Desta forma, a
responsabilidade de controlar a sociedade não deve ficar nas mãos
daqueles que só têm força física, ou nas mãos de pessoas que só
são corajosas, ou ainda nas mãos daqueles que são apenas
desenvolvidos intelectualmente, ou das pessoas providas de
conhecimento exclusivamente do mundo material. O controle social deve
ficar nas mãos das pessoas que são, ao mesmo tempo, espiritualmente
elevadas, inteligentes e corajosas.
16.
Deshaka’lapa’traeh
upayoga’h
parivarttante te upayoga’h
pragatishiila’h
bhaveyuh
“O
método de utilização deve variar de acordo com as mudanças de
tempo, lugar e pessoa e a utilização deve ser de natureza
progressiva.”
Significado:
A utilização apropriada de qualquer objeto varia de acordo com as
mudanças de tempo, lugar e pessoa. Aqueles que desconhecem este
princípio simples permanecem apegados ao esqueleto do passado e como
resultado são descartados pelo dinamismo da sociedade. Sentimentos
mesquinhos baseados em nacionalismo, regionalismo, orgulho de
linhagem etc., tendem a manter certas pessoas afastadas deste
princípio fundamental e, por isso, elas nunca o aceitam, sem
reservas, como uma verdade elementar. Em conseqüência, essas
pessoas, depois de causarem danos indescritíveis a seus países, aos
cidadãos e a si próprios, são forçadas a sair furtivamente para o
anonimato.
O método
de utilização de cada objeto varia de acordo com os fatores tempo,
lugar e pessoa. Isto tem de ser aceito e, após reconhecerem este
fato, as pessoas terão de utilizar cada objeto e cada idéia de
maneira progressiva. Por exemplo, a energia despendida por uma pessoa
forte para manusear uma marreta deveria, com a ajuda de recursos
científicos, ser utilizada para manejar mais de um equipamento,
evitando-se desperdícios de energia com o manejo de uma só
ferramenta. Em outras palavras, a pesquisa científica dirigida por
idéias progressistas deve utilizar cada vez mais o potencial humano.
Não é sinal de progresso o uso de tecnologia defasada numa era de
desenvolvimento da ciência.
A
sociedade terá de enfrentar bravamente os diferentes tipos de
obstáculos, grandes ou pequenos, que surjam no processo de
utilização de recursos e materiais diversos com idéias
progressistas e tecnologia de ponta. Através da luta, a sociedade
terá de seguir em direção à vitória, no caminho da realização
plena da vida.
Pragatishiila
upayogatattvamidam’
sarvajanahita’rtham’
sarvajanasukha’rtham’
praca’ritam
Esta é
a Teoria da Utilização Progressiva, que foi elaborada para a
felicidade e o bem-estar geral de todos.
Jamalpur,
28 de junho de 1961
A’nanda
Su’tram
1
O universo infinito é composto de dois princípios: Princípio
Cognitivo Supremo ou Consciência Suprema (Paramá Purus’a,
em sânscrito) e Princípio Operativo Supremo ou Energia (Prakrti,
em sânscrito). A Consciência Suprema, que domina a Energia no
estágio em que não há criação, permite, num momento que não
pode ser definido em termos de tempo e lugar, que a Energia atue
sobre Ela e inicie a criação, mas a Consciência permanece a
observar, como uma Testemunha, todo o processo da criação,
mantendo-se em seu estado imperturbável de absoluta paz e
igualdade, onde a Energia não tem qualquer expressão. Para um
maior aprofundamento na filosofia espiritual, recomendamos a leitura
de outros livros publicados pela editora.
2
Os três mundos significam as três forças (ou atributos) do
Princípio Operativo: sutil, mutatória e estática. Elas atuam em
conjunto no universo e nunca de forma isolada. Em cada coisa do
universo físico ou metafísico uma dessas forças prevalece sobre
as outras duas. A força sutil ajuda na elevação da consciência
individual, a força estática degrada a consciência individual e
força mutatória faz o elo entre essas duas forças.
3
Os princípios de números 12 a 16 são denominados os “Cinco
Princípios Fundamentais de PROUT”. Foram originalmente
enunciados, em inglês, em 5 de junho de 1959, no discurso
denominado The Cosmic Brotherhood, do livro Idea and
Ideology. Dois anos depois, ao lançar o livro A’nanda
Su’tram,
no capítulo 5, o autor enunciou os onze primeiros princípios e
acrescentou a estes cinco seus “significados” e os aforismos em
sânscrito.
Tantra e os Poderes Sobre-naturais
A ciência da espiritualidade desenvolveu-se através do desejo inato presente nos seres humanos de descobrir o mistério da criação. Os seres humanos começaram a procurar o segredo da causa de todos os aspectos, bonitos e aterradores, da natureza. Eles procuraram à sua volta nos rios e mares, nas distantes montanhas, nos relâmpagos, no som dos trovões, nos rugidos de animais ferozes – e começaram e mergulhar nas profundezas desses mistérios. É a este esforço para se alcançar a verdade escondida de todas as coisas que chamamos de Tantra. Como estes esforços foram feitos em diferentes alturas, em diferentes lugares e por diferentes grupos ou indivíduos, encontramos diferentes metodologias nas várias escolas de Tantra.
Tantra teve origem no sul da Ásia, e os seus originadores foram os Austrics, os Dravidians e os Mongolians. Destes, os Dravidians e os Mongolians eram os mais desenvolvidos e os Austrics os menos desenvolvidos. Os praticantes do Tantra mais desenvolvido tinham uma abordagem mais ampla de todas as coisas, renunciando a todo o tipo de pensamentos limitados. Eles faziam sempre um esforço para trazer um maior bem-estar para as massas. Através desse serviço desinteressado, eles ultrapassavam as limitações da mente, como o ódio e a vergonha. Os praticantes do Tantra menos desenvolvido comportavam-se de maneira oposta. Ocupavam-se com as castas, ódios e invejas em relação a outros grupos.
A superação das limitações materiais simboliza o maior dos progressos humanos. A palavra tantra significa que uma pessoa se “libertou de todas as amarras de crueza” e, por isso, Tantra é considerado o melhor tipo de prática espiritual. Sadashiva foi o primeiro mestre deste tipo de Tantra. Ele desenvolveu algumas regras, assegurando assim o progresso total em todas as esferas da vida humana. Criou um sistema perfeito, revisando e coordenando todos os ramos do Tantra. Investigou e provou a eficácia de ambos os aspectos externos e internos do Tantra. O aspecto externo do Tantra consistia em sa´dhana´ com caveiras, em cemitérios. O aspecto interno consistia na prática de yoga. É, ultimamente, através do Tantra interno que os seres humanos podem atingir o culminar do sucesso espiritual.
Os seres humanos nunca poderão atingir a libertação só por lisonjear Prakrti. Uma entidade que é lisonjeada torna-se orgulhosa. Os seres humanos não se devem tornar escravos da matéria. Mas se os sa´dhakas adorarem Purus´a e ignorarem Prakrti, vão ver que Prakrti irá começar automaticamente a lisonjeá-los.
Não existe nada de “sobre-natural” neste mundo. Todos os tipos de poderes estão latentes nos seres humanos. Às vezes temos vislumbres destes poderes latentes. Usando uma terminologia mais desenvolvida, estes vislumbres podem ser chamados de “intuição”. Os seres humanos podem desenvolver tudo isso, atingindo, eventualmente, poderes extraordinários. Aos olhos das pessoas comuns, estes poderes parecem sobre-naturais, mas na verdade eles são naturais. É um facto que as pessoas comuns não conseguem fazer essas coisas extraordinárias e por isso é que quando vêem esses poderes, os chamam de sobre-naturais.
O Tantra é uma fonte de tais poderes extraordinários. Num curto espaço de tempo, quebram-se todos as pa´shas e ripus [amarras e inimigos da mente] que limitam a mente. Enquanto a mente permanece amarrada, tende a mover-se em direcção a objectos materiais crus; isto é, a mente associa-se inevitavelmente à matéria. Mas uma vez que essas correntes se quebrem, através da prática de Tantra, a mente desassocia-se desses objetos crus. Isto implica uma elevação dos seres humanos porque é através desse desapego que o progresso físico, psíquico e espiritual se torna possível.
Quando falamos dos ripus [inimigos] da mente, referimo-nos apenas aos inimigos internos, ou inatos. Para um ser humano, trazer esses ripus sob o seu controlo representa uma importante vitória. Essas pessoas que o conseguem fazer atingem um elevado controlo sobre as forças da matéria e podem realizar feitos que aos olhos das massas são interpretados como algum tipo de poder sobrenatural.
No Tantra, o esforço para estabelecer o controlo sobre a matéria ou sobre forças externas é chamado avidya´ sa´dhana´. E a prática que leva à auto-realização é chamada de vidya´ sa´dhana´. E o ramo do Tantra que não é nem vidya´ nem avidya´ sa´dhana´ é chamado upavidya´ sa´dhana´. Apenas vidya´ sa´dhana´ contribui para o bem-estar da humanidade; as outras duas práticas são um mero desperdício de tempo. A prática de avidya´ conduz à degradação. Sada´shiva, o professor original do Tantra, reuniu e sistematizou todos os ramos do Tantra, mas não encorajou a prática de Avidya´ porque é um tipo inferior de sadhana´. Quando as pessoas praticam sa´dhana´ com o objectivo de atingir poderes “sobre-naturais”, os seus objectos mentais tornam-se crus, pois após atingirem esses poderes, usam-nos para vinganças ou para o seu auto-engrandecimento.
Vidya´ sa´dhana´ esteve quase extinta nos últimos 1200 anos. E agora existem apenas alguns Avidya´ Tantrics – o resto são charlatões e hipócritas. Após morrerem, estas pessoas vão renascer como minhocas e insectos.
Os seres humanos praticam sa´dhana´ para se tornarem um com Brahma, não para se tornarem fantasmas ou espíritos maus. Para se tornarem um com Brahma, têm que praticar Vidya´ Tantra, e não Avidya´ Tantra. Claro que, através de qualquer tipo de sadhana´, os sa´dhakas libertam-se das pa´shas e ripus. Mas a diferença entre estes dois tipos de sa´dhana´ é que os praticantes de Vidya´ Tantra canalizam o seu poder espiritual para alcançar Parama´tma´, enquanto que os praticantes de Avidya´ Tantra utilizam os seus poderes para benefícios mundanos. Através de Vidya´ Tantra uma pessoa “liga-se” (ganha) Prama´tma´, enquanto que através de Avidya´ Tantra “liga-se” (domina) outros seres vivos. Os Vidya´ Tantrics aceitam Parama´tma´ como o seu objecto supremo de adoração e, para se tornarem um com Ele, canalizam todos os seus poderes em direcção a Ele.
Também de um ponto de vista médico, a Tantra sa´dhana´ tem a sua utilidade. Em tempos remotos existiam muitos peritos Védicos em a´yurveda. Mas como não eram Tantricos, tinham limitações em utilizar por inteiro todo o seu conhecimento médico para curar pacientes. Por causa dos seus preconceitos – o seu ódio em relação a certos grupos, as suas crenças nas castas, etc – eles hesitavam em tocar os corpos de certos pacientes; enquanto que os médicos Tantricos, graças ao seu controlo sobre tais limitações mentais como o ódio, medo e vergonha, realizavam o serviço médico de uma forma mais apropriada. As práticas da dissecação e cirurgia estavam somente nas mãos dos médicos Tantricos.
Publicado em:
Ánanda Vacanámrtam Part 25
Discourses on Tantra, Volume Two
06/09/2015
29/08/2015
21/08/2015
09/08/2015
25/07/2015
04/07/2015
27/06/2015
25/06/2015
19/06/2015
18/06/2015
16/06/2015
07/06/2015
05/06/2015
21/05/2015
19/05/2015
09/05/2015
03/05/2015
26/04/2015
23/04/2015
05/03/2015
23/02/2015
PRIMEIROS ANOS E MINHA INICIAÇÃO
Quando
revejo os 36 anos de convivência com o meu Guru, Bábá, muitas coisas me vêm à
mente. Ele me abençoou com experiências espirituais maravilhosas. As palavras
parecem ser inadequadas para descrever a bem-aventurança que ele me deu. Muitas
experiências são extremamente pessoais para serem reveladas. No entanto, farei
o melhor possível para narrar a minha vida espiritual com Bábá, no interesse de
todos e especialmente dos que buscam a espiritualidade.
Nasci
em junho de 1919. Quando menino, eu era muito magro e frágil. Tinha gênio
perverso e vivia arrumando encrencas. Certa vez, eu fui derrotado em uma briga,
diante de muitos espectadores. Isto me desmoralizou. No colégio, também era um
fracasso.
Aos
treze anos de idade, tinha um pequeno defeito físico, e minha timidez me
impedia de contar isso a alguém. Então, por intuição tive a idéia de praticar ásanas
(posturas de ioga) para curar esse problema, só que não sabia como começar.
Pela
graça de Deus, um senhor me perguntou se eu queria aprender ásanas.
Fiquei contente com sua oferta e aceitei. Bastante satisfeito, aprendi várias
posturas, as quais praticava diariamente com exagerado interesse. Mesmo depois
de meu problema ter desaparecido, continuei a praticar ioga, porque me sentia
mais saudável e mais forte.
Exatamente
um mês depois, me veio a idéia de começar a meditar diariamente. Queria saber
em que parte do corpo deveria me concentrar, durante minha meditação. A
resposta intuitiva me dizia que eu deveria me concentrar na parte do corpo mais
preciosa para mim. Decidi que seria o coração: a parte mais querida. Então,
comecei a meditar fixando-me em meu anahata cakra, o centro psíquico
situado no tórax.
Na
escola eu era o aluno mais fraco. Sentia-me tão frustrado que queria abandonar
os estudos. Pedi a meu tio, que era meu tutor, permissão para sair da escola,
mas ele a recusou. Eu queria ser um grande homem, então, me dei conta de que,
se abandonasse os estudos, provavelmente, não poderia alcançar esse objetivo.
Decidi permanecer na escola, e, embora o meu aproveitamento fosse péssimo, continuei
a praticar ásanas e meditação.
Após
alguns meses, me veio a idéia de renunciar a tudo, queria deixar todas as
coisas mundanas e tornar-me um sannyásii, como os santos de quem tinha
ouvido falar. Decidi que deixaria a minha casa na manhã seguinte, às 4 horas da
manhã, para nunca mais voltar.
Mas
quando o momento chegou, fiquei com medo. Para onde deveria seguir? Eu nada
sabia sobre a vida dos sannyásiis, e ainda era um menino. Não sabia o
que fazer àquela hora da manhã, bem cedo. Pedi a Deus que por favor me
liberasse da minha promessa, pois eu não poderia adotar esse novo sistema de
vida. Espontaneamente, disse que iria para Ele quando eu tivesse 45 anos.
Depois
disso, minha vida mudou. Sem tomar uma decisão consciente, me tornei
intelectual. Era como se a força obtida da prática espiritual fosse reconduzida
para os estudos.
Comecei
a estudar profundamente e passei a ter grande interesse pelos estudos. Comecei
a melhorar na escola. Fiquei mais sério, calmo e quieto. Embora não tivesse
dado conta do fato, minha vida tinha melhorado de forma extraordinária, porque
estava praticando ásanas e meditação.
Comecei
a adquirir as virtudes de sempre: falar a verdade e não causar danos aos
outros. Comecei a dormir no chão e não mais na cama. Evitei todos os maus
hábitos e segui uma vida de disciplina e trabalho árduo. Comecei também a
perceber a graça de Deus. Estas mudanças assombraram os meus colegas e
familiares.
Comecei
a jejuar nos dias ekadashi (o 11° dia após a lua cheia e lua nova), esta
prática espiritual é amplamente reconhecida na Índia, mas às vezes eu adoecia e
tinha outros problemas físicos. Pensei que talvez isto fosse causado pelo
jejum, então, suspendi a prática depois de alguns meses.
Quando
entrei para o curso secundário, também parei de meditar e fazer ásanas,
pois o ambiente não era propício. Porém, a minha vida de trabalho árduo e a
sede de estudar continuaram.
Por
causa dessas experiências, acredito agora que, na vida espiritual, só podemos
seguir sozinhos até uma certa distância, mas com um guia espiritual é possível
termos sucesso. Se eu tivesse um Guru àquela época, teria continuado as minhas
práticas espirituais sem interrupção. (Voltei a jejuar nos dias ekadashii mais
tarde, em 1956, após ler Caryácarya, um dos livros de Bábá, no qual Ele
recomenda o jejum para uma vida longa e o desenvolvimento espiritual. Fiquei
muito satisfeito de receber essa instrução.)
Sempre
que algum iogue ou santo visitava nossa cidade para falar de espiritualidade,
eu ia ouvi-lo. Muitos deles me pediam que os seguisse, então, eu lhes
perguntava: “Você tem solução para a falta de alimentos para o povo da Índia?
Se tiver, eu me juntarei à sua missão”. Como ninguém tinha, dei continuidade
aos meus estudos.
Após
ter completado os estudos, fui trabalhar no Departamento Central de Tarifas e
Aduana, em 1944, aos 25 anos.
Uma tarde,
ainda no meu primeiro ano de trabalho, fui caminhar com um colega. Estávamos na
confluência do rio Ganges com o rio Kosi, perto de Kursela, na província de
Bihar. Esse lugar é considerado um ponto espiritual pelo povo da Índia. A tarde
estava muito calma e bonita.
Meu
colega me falou sobre um grande espiritualista da Índia, sobre o qual comentou
que fazia coisas maravilhosas. Perguntei então quem era esse grande iogue e
onde ele morava, mas meu amigo não sabia.
Atualmente
está bem nítida para mim a definição do meu colega. O próprio Bábá estava me
atraindo para ele.
Sempre
que alguém tiver um desejo sincero de um mestre espiritual, isto será
satisfeito pela Entidade Cósmica.
Dez
anos mais tarde, em 1954, ao trabalhar em Purnia, Bihar, encontrei Naginajii,
que era superintendente de Departamento. Eu tinha grande respeito por ele, pois
tinha ouvido meus colegas falarem sobre a sua generosidade, bondade e destemor.
Ele também aparentava gostar de mim. Foi a primeira pessoa a me contar sobre
Bábá. Ele foi um dos primeiros discípulos de Bábá e era um dos mais ardorosos.
Naquela época, a Organização ainda não existia e não havia livros publicados.
Naginajii me aconselhou a tomar as lições de prática espiritual com Bábá.
Disse
a Naginajii que iria refletir e que decidiria depois. Preocupava-me ser
iniciado por esse Guru, pois teria que levar a sério os seus ensinamentos.
Percebi que deveria seguir estritamente o código de disciplina e ser muito
regular nas minhas práticas. Estava com medo de perder a minha liberdade.
Após
uns trinta dias, quando encontrei novamente com Naginajii, ele queria saber da
minha decisão sobre a sua proposta de aprender sádhaná. Eu ainda não
tinha me decidido. Porém, quando ele me perguntou, resolvi aceitar e
participar. Eu não podia me recusar. Disse-lhe, então, que estava pronto.
Naquela
época, era necessário obter permissão antecipada de Bábá para ter iniciação.
Naginajii me disse que iria escrever a Bábá para obter a minha permissão.
Após
alguns dias, veio uma resposta afirmativa, autorizando-me a receber a
iniciação. Ele me pediu que fosse a Jamalpur, uma cidade distante a nove horas
de viagem de trem, onde Bábá então vivia. Marcamos uma data.
Na
data marcada fui à estação. Na plataforma, encontrei alguns colegas que
disseram que Naginajii acabara de ser rebaixado do cargo de superintendente
para vice-superintendente. Eles contaram que a causa de seu rebaixamento foi
Bábá. Achei que Bábá estava sendo mal-agradecido com seu devoto. Esta notícia
me perturbou muito. Por isso, resolvi não ir à iniciação
Algum
tempo depois, Naginajii esteve comigo e perguntou por que eu não tinha ido.
Contei-lhe então o que tinha ouvido e falei-lhe da minha preocupação. Ele ficou
chateado e disse que aquilo não era verdade; que seus próprios samskaras
foram a causa de seu rebaixamento; e que era uma injustiça para com Bábá
culpar-Lhe pelo acontecido. Naginajii comentou que eu tinha errado ao perder o
encontro marcado para a iniciação com Bábá.
Pedi
desculpas e solicitei nova permissão para ir a Jamalpur.
Ele
me disse que poderia obter permissão mais uma vez, mas se eu faltasse de novo
não teria outra chance.
Então
Naginajii solicitou permissão de Bábá para que eu fosse. Shrii Bhavani
Shankarjii, de Patna, um grande amigo meu, e que era mais antigo que eu no
Departamento Aduaneiro, também conseguiu a permissão na mesma data. Fomos
juntos a Jamalpur. Estávamos no final do ano de 1954.
Jamalpur,
a cidade onde Bábá nasceu, era um local pacato e de uma paz maravilhosa para a
prática da meditação. Naquela época, Bábá era um funcionário da área
administrativa da Rede Ferroviária. Fomos aos seus humildes aposentos na Vila
Ferroviária.
Bábá
tinha então 33 anos. Ele parecia muito novo e esguio. Possuía uma personalidade
charmosa e atraente. Durante a iniciação, sentou-se numa cadeira e então me
ensinou a primeira e a segunda lição de sádhaná da Ánanda Márga.
Após
a iniciação, Bábá afetuosamente pediu que eu me sentasse em seu colo. Um pouco
relutante, eu disse: “Você é magro e eu sou gordo e pesado, assim vou lhe
causar problemas”; Bábá insistiu, então, sentei em Seu colo e Ele me abençoou.
Muitas
vezes vi Bábá olhar a Seus discípulos com mais amor do que um pai olha para
seus filhos, então, compreendi que lhe é totalmente adequado o nome espiritual
Shrii Shrii Ánandamúrtijii, que significa “A personificação da Bem-aventurança
que atrai a todos”.
As palavras não são o meio
mais adequado de expressão para descrever o meu sentimento interior por Bábá.
Sinto que posso expressar melhor a devoção a Ele através de gestos, posturas e
lágrimas. Na meditação profunda, quando o corpo se torna totalmente calmo e
quieto como uma estátua, nos damos conta de que Ele está além de todas as
palavras, todas as formas e todas as idéias.
Depois,
acompanhei Bábá numa caminhada. Eu pensava ter sido um grande homem na minha
vida passada. (Doze anos mais tarde, em 1965, quando me sentei com Bábá na
tumba do tigre em Jamalpur, Ele me disse que há 150 anos eu tinha levado uma
vida muito bem-aventurada com Ele em outro planeta. Eu não tinha nenhuma idéia
ou recordação desse fato afortunado. Só depois percebi, na minha sádhána,
o quanto aquilo significava termos de bem-aventurança).
Bábá
orientou-me para que aprendesse ásanas com o ácárya local. (Ele tinha
recém-designado os dois primeiros ácáryas de família). O ácárya
me passou algumas posturas. Aprendi com ele que dentre as 40.000 ásanas
existentes, Bábá selecionara apenas 42 para os aspirantes espirituais. A sua
prática regular corrige desequilíbrios glandulares e melhora a saúde em geral.
Em combinações diferenciadas, elas podem curar todas as doenças que impedem
nossa evolução espiritual.
Por
exemplo, a Shirásana (Postura da Bananeira) é muito popular hoje em dia,
mas ela danifica alguns nervos sensíveis no topo da cabeça, no sahásrára
cakra, e causa irritabilidade. Em substituição a ela, Bábá recomenda Sarvaungásana
(Postura da Vela) e Matsyamudra (Postura do Peixe). Estas posturas
possuem todos os benefícios da Shirásana, sem os seus efeitos colaterais.
O ácárya
explicou que, para praticar ásanas, eu deveria seguir estritamente a
dieta vegetariana; no que concordei imediatamente.
A
iniciação é extremamente importante. As escrituras de ioga dizem que há quatro
estágios na vida humana.
Janmaná jayate shudrah
Sam’skárát
dvijaucyate
Vedapátham’
bhavet vipra
Brahma
jánáti sah Bráhman’am
O primeiro estágio significa que ao nascer todos são shudras,
aquela pessoa cujo objetivo na vida é desfrutar do mundo material.
O
segundo estágio, o renascimento, é alcançado na iniciação, porque muitas
mudanças começam a acontecer. Aprendemos e começamos a seguir os princípios
morais de Yama e Niyama, que são:
1.
Ahims’á: Não infligir dor ou causar danos intensionalmente a
outros por pensamentos, palavras ou ações.
2.
Satya: Usar corretamente as palavras, tendo em vista o
bem-estar coletivo.
3.
Asteya: Não se apoderar do que pertence a outros, ou seja,
não roubar.
4.
Brahmacarya: Manter a mente absorta na Consciência Suprema, vendo
todas as pessoas, bem como outros seres vivos e objetos inanimados como
diferentes expressões do Supremo.
5.
Aparigraha: Não ser indulgente no gozo daquelas amenidades e
confortos desnecessários a preservação da vida.
6.
Shaoca: Manter a limpeza externa e a pureza mental interna
7.
Santos’a: Manter um estado de contentamento e tranqüilidade
mental.
8.
Tapah: Sacrificar-se ou penitenciar-se no serviço a outros.
9.
Svádhyáya: Estudar as escrituras espirituais para obter um entendimento
claro de seu verdadeiro significado.
10.Iishvara Pran’idhána:
Estabelecer-se na Idéia Cósmica, aceitando o Supremo como único ideal e
movendo-se com velocidade acelerada em direção a esse abrigo supremo.
Durante
a iniciação, aprendemos um mantra pessoal e uma técnica de meditação a ser
praticada regularmente duas vezes ao dia. Isto concentra a mente e expande-a em
direção à Consciência Suprema.
A
prática da meditação transforma a personalidade do indivíduo. Ele passa ter uma
concepção espiritual e gradualmente obtém equilíbrio emocional, compaixão,
visão universal, sabedoria e devoção. Ao mesmo tempo em que esta transformação
interna acontece nos damos conta do grande valor de satsaunga, companhia
de outros espiritualistas. Este convívio ajuda o sádhaka a manter um
ajuste entre o seu desenvolvimento interno e o mundo externo.
Quando
um aspirante espiritual estuda filosofia profundamente com sua nova compreensão
espiritual, ele alcança o terceiro estágio e se torna um táttvika —
aquele que conhece filosofia espiritual e pode ensiná-la a outros. Finalmente
ele torna-se um ácárya, que significa aquele que alcança o conhecimento
de Deus e que, com o próprio exemplo e conduta, ensina outros a se moverem em
direção à meta mais elevada.
Infelizmente,
esta escritura em particular tem sido deliberadamente mal-interpretada para
perpetuar o sistema hereditário de castas. Quando compreendida em seu
verdadeiro sentido, ela significa que mesmo uma pessoa humilde, tanto de
nascimento como profissionalmente, torna-se dvija, ou renascido, quando
inicia a prática espiritual.
Riqueza,
conhecimento, fama e posição são os critérios atuais de status de alguém. O que
distingue os seres humanos de todos os outros animais é a nossa consciência
mais elevada. Então o desenvolvimento da consciência deve ser nosso critério
para avaliar as pessoas.
Aquele
que aceita a orientação do Guru e se inicia na prática espiritual, começa uma
jornada interior para a auto-realização. É por isso que ele é chamado de pessoa
renascida e que merece o reconhecimento da sociedade como aquele que tem uma
consciência mais elevada que os não-sádhakas.
Mais
tarde Bábá me perguntou se eu, aos treze anos de idade, pensava que algum dia
iria existir uma sociedade na qual as pessoas seriam julgadas por seu padrão de
moralidade e espiritualidade. Eu afirmei que sim.
Jamais
contei a qualquer pessoa sobre isso, naquela época ou depois. Mesmo assim, Bábá
sabia meus pensamentos juvenis. Então disse a Bábá: “Naquela época, esta idéia
parecia só um desejo. Mas agora você a tornou realidade, na Ánanda Márga”. Bábá
sorriu.
Este
incidente me convenceu de que espiritualmente Bábá tem estado comigo desde o
início da minha vida e que ficará até o fim.
Acredito
que isto é válido para todos. Muitos anos mais tarde, na canção Prabhat
Sanguiita de número 1.103, Bábá disse:
Jiivanera prathama prabhate se chilo amarai sathe
Thakibe se sathe
sathe
Jiivanera shes'a khanete
“Ele estava comigo na primeira manhã da vida e Ele
permanecerá comigo até o fim da minha vida.”
Compreendo agora que a fase dos treze anos (a puberdade)
é a mais crucial, pois é quando surgem as mudanças naturais. Uma vez escutei de
Bábá que esta é a melhor idade para começar a vida de sannyásii, porque
todas as glândulas já se desenvolveram naquela idade. Isto traz mudanças
significativas no caráter e no comportamento da pessoa.
Acredito
que se as crianças forem bem cuidadas desde a concepção, elas podem fazer um
progresso enorme. Quanto mais nova é uma criança mais receptiva é sua mente.
Elas podem facilmente aprender o que lhes é ensinado.
Por
isso, pais e professores devem conduzir cuidadosamente as crianças nos planos
físico, mental e espiritual. Na verdade, a educação de uma criança começa ainda
no útero. A história de Abhimanyu do épico Mahábhárata é um exemplo
glorioso disto. Ele aprendeu muitos segredos da vida e da guerra ainda no
útero, ouvindo seu pai Arjuna dar explicações à sua mãe Subhadra.
Bábá
normalmente falava comigo de maneira muito informal. Todos percebiam que Ele
sempre agia como um perfeito cavalheiro.
Ele
generosamente nos transmitia constantemente conselhos valiosos. Pensamentos e
palavras benevolentes sempre fluíam de sua mente. Sua graça nos fascinava e eu
ansiosamente procurava entender tudo.
Bábá
ensinou-me que a persistência e a determinação são bons hábitos. Se ouvirmos
uma boa idéia devemos trabalhar arduamente até que ela seja concretizada, senão
ela será inútil. Persistência é essencial.
Ele
discursava freqüentemente sobre diferentes tópicos: literatura, filologia,
ciência, tecnologia, astronomia, astrologia, comércio, indústria, energia,
todas as diferentes escolas de filosofia, tantra, música, dança e muitas outras
coisas. Aqueles que dentre nós estavam por perto todos os dias, arrependem-se,
hoje, de não terem sido capazes de gravar tudo. Na verdade, parecia impossível
fazê-lo, pois também tínhamos muito trabalho para fazer na organização.
Sentia
como se Bábá estivesse tentando nos dar muitos litros de leite todos os dias,
mas nós só possuíamos uma caneca para guardá-lo, devido à estreiteza de nossas
mentes; nenhum de nós conseguia compreender e lembrar de tudo que Bábá dizia.
Então, Ele nos ensinou a expandir e aumentar nossas mentes com a prática de sádhaná,
serviço e sacrifício. Isto nos ajudou a utilizar mais os talentos de Bábá. Esta
é a nossa meta. Atualizar todos os conselhos de Bábá no campo físico, mental,
moral, social e espiritual para o benefício da humanidade.
MINHA VIDA ESPIRITUAL COM BÁBÁ - Acárya Shraddhánanda Avadhúta
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